O vencedor da categoria de Melhor Curta-metragem do Oscar este ano foi a animação História de um Urso, do diretor chileno Gabriel Osorio. O filme, inspirado na história de um exilado político da ditadura de Augusto Pinochet, é a primeira produção chilena a ser premiada com uma estatueta da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood.
O diretor usa diferentes técnicas de animação para contar uma fábula inspirada na história de seu avô, Leopoldo Osorio (o título original em espanhol é Historia de un Oso, um trocadilho entre a palavra “urso” e o sobrenome de Leopoldo e Gabriel). Militante do Partido Socialista chileno e secretário de Salvador Allende, Leopoldo foi preso em 1973 após o golpe militar liderado por Augusto Pinochet.
Assim como o urso no curta vencedor do Oscar, Leopoldo foi afastado forçosamente da esposa e do filho. Após passar dois anos na prisão, em 1975 ele se exilou na Inglaterra, onde viveu os dez anos seguintes, tornando-se um avô “vivo, mas invisível”, diz Gabriel.
Neto e avô só foram se conhecer quando Gabriel tinha 8 anos de idade. “Quando eu nasci ele ainda estava no exílio e eu cresci com a imagem de uma avô que, somente por suas ideias políticas, estava proibido de voltar e estar com sua família. Sempre senti que isso era algo horrível e completamente injustificável e sua ausência marcou uma parte da minha infância”, contou o diretor do curta chileno ao jornal espanhol El País.
“A ditadura segue marcando quem somos hoje em dia. Seguimos vivendo em um país muito reprimido, que pouco a pouco tem perdido o medo de se expressar e de mobilizar contra o que não está de acordo”, acredita o diretor.
A História de um Urso foi a segunda produção chilena a ser indicada ao Oscar. A primeira, que também tratava da política chilena, foi No (2012), de Pablo Larraín, que disputou a estatueta em 2013 na categoria de Melhor Filme Estrangeiro, mas foi vencida por Amour, produção austríaca dirigida por Michael Haneke.
Fonte: Portal Vermelho
Assista o filme: