Os parlamentos, começando pelas Câmaras Municipais, passando pelas Assembleias Legislativas e terminando nas duas Casas Federais, são os lugares que merecem destaque em pelo menos duas questões básicas. São locais que reúnem representantes das mais diferentes comunidades e segmentos sociais.
E como nossa legislação eleitoral deixa a desejar em muitos pontos, um deles pode ser destacado. É que o parlamentar não representa de forma direta nenhuma comunidade. O vereador e o deputado estadual ou federal podem ser eleitos pelos eleitores sem levar em consideração o seu bairro ou a sua cidade.
Em muitos países é adotado o chamado voto distrital, que de certa forma vincula o candidato a uma comunidade e dela recebe reivindicações e reclamações. E presta conta de suas atividades, sendo acompanhado em seu trabalho e, por consequência, sabe que se não agir de forma correta, terá dificuldade no pleito seguinte.
Mas há algumas questões que podem ser avaliadas. Uma delas é a atuação de um movimento social promovendo um trabalho para escolher um candidato que o represente nos parlamentos. E através de um amplo debate, aquele que é indicado poderá contar com o apoio da comunidade que o escolheu. E assumindo o cargo, terá então algumas responsabilidades, a principal, por certo, os encaminhamentos de propostas que levem em conta os interesses de seus representados.
Um outro ponto é a relação constante para que a comunidade possa avaliar os temas que estão sendo encaminhados. Esta é uma situação que chama a atenção, pois determinados segmentos sociais já usam desses mecanismos para formar suas bancadas e por conseguinte, conseguem o atendimento de seus pleitos.
Temos então um desafio que começa pelo debate entre as várias tendências sindicais e nas mais diferentes regiões brasileiras sobre o potencial disponível para a eleição de prefeitos e vereadores, ainda este ano, de representantes dos trabalhadores com efetivo vínculo com as lutas sindicais. É claro que será levado em consideração o caráter ideológico.
Mas além das próximas eleições, por que não fazer um levantamento da situação em cada Assembléia Legislativa? O fato de ter sido eleito sem vinculo com o sindicalismo não impede a discussão de um posicionamento, levando em conta projetos em andamento nos parlamentos. E que se estabeleça uma rotina de reuniões que podem ser mensais, sempre no mesmo dia da semana, de modo que os representantes sindicais no diálogo com os parlamentares recebam as informações que devem levar para suas bases.
E mais, a estrutura sindical pode ser usada em cada base. O parlamentar ao ser procurado em sua base eleitoral saberá que seu trabalho está sendo acompanhado. Assim, na pautação e votação de projetos, ele terá o cuidado de votar de acordo com o entendimento mantido com seus eleitores, que estarão acompanhando seus posicionamentos.
Uma coisa é certa, se não aproveitarmos todo um potencial disponível, estaremos sujeitos a perdas, em alguns casos, irrecuperáveis. Que tal promovermos um amplo debate sobre o assunto.
Uriel Villas Boas, secretário de Previdência da Fitmetal-CTB – Santos, São Paulo
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