Você costuma publicar comentários racistas nas redes sociais? Cuidado, a mensagem pode ser estampada em um outdoor perto da sua casa. Grupo utiliza ferramenta de rastreamento que permite a identificação dos locais onde comentários racistas foram postados na internet
Depois de publicar ofensas racistas numa rede social, o autor da mensagem pode ter uma surpresa: ver o comentário estampado em um outdoor perto de sua casa. Os cartazes protegem a identidade dele, mas mostram mensagens reais escritas pelos autores. Algumas delas: “Nego sujo, eu tomo banho já não sei tu [sic]”, “se tomasse banho direito não ficaria encardida” e “cheguei em casa fedendo a preto”.
A campanha “Racismo virtual, as consequências são reais”, da ONG Criola, está em sua segunda etapa com outdoors instalados em Porto Alegre, Recife e Rio este mês. Nos outdoors, a entidade coloca o nome da campanha e a inscrição “em defesa das mulheres negras”. A localização dos autores das mensagens foi rastreada com a ferramenta GeoTag. “O racismo não desapareceu. Ele segue forte”, diz a médica Jurema Werneck, 53, integrante da ONG.
Segundo Jurema, a campanha atua em três frentes: falar às mulheres negras que não estão desamparadas, mostrar ao racista que a ação virtual é real e educar o entorno do agressor. “Se a gente localiza o agressor, a polícia também consegue. Mas não queremos gente na cadeia, queremos educar para que não chegue ao ponto de cometer um crime”, diz Jurema.
A ideia foi motivada por ataques racistas à apresentadora do “Jornal Nacional” Maria Júlia Coutinho, a Maju. Mensagens discriminatórias contra a jornalista negra foram publicadas na página do programa, em 3 de julho, Dia Nacional de Combate à Discriminação Racial.
Nesse intervalo, outro ato racista atingiu a atriz Taís Araújo, também vítima na internet. Meses depois do caso envolvendo as duas famosas globais, a campanha mostra agora ofensas a mulheres negras comuns.
Fonte: Pragmatismo Político