Na noite desta terça-feira (24), alunos da rede pública de ensino do estado de São Paulo realizaram uma assembleia de estudantes ocupantes de escolas para dar continuidade ao movimento iniciado no dia 9 de novembro, quando a Escola Estadual Diadema foi ocupada pelos alunos.
A assembleia ocorreu na sede das entidades estudantis na capital paulista e contou com a presença de representantes de 50 escolas ocupadas de várias partes do estado. “Achamos muito importante esse encontro para termos conhecimento de todo o processo”, diz Ângela Meyer, presidenta da União Paulista dos Estudantes (Upes). Ela informa que ainda hoje “deveremos ter mais de 180 escolas ocupadas”.
“Deliberamos um manifesto dos estudantes, que será debatido em todas as ocupações e finalizado na assembleia que marcamos para o domingo (29), na praça Roosevelt”, complementa.
Ângela explica também que apesar de a Justiça proibir a reintegração de posse das escolas da capital paulista, várias tentativas de desocupação vêm ocorrendo com participação de policiais e direção de escolas. Mas, garante ela, “denunciaremos todas essas ações ilegais ao judiciário”.
Ainda nesta quarta-feira ocorre uma marcha das “Mulheres unificadas contra a desorganização de Alckmin e pelos direitos das mulheres, contra Eduardo Cunha”. A marcha começa no Vale do Anhangabaú e termina na escola Caetano de Campos, na praça Roosevelt, para prestar solidariedade aos estudantes secundaristas contra o projeto de “reorganização escolar”.
Já a Frente Povo Sem Medo realiza o “Ato de Apoio à Luta dos Estudantes Contra o Fechamento de Escolas”, na quinta-feira (26), às 14h no vão do Masp, na avenida Paulista. Depois seguem em marcha pela cidade.
Ângela afirma que o movimento de ocupações ganha repercussão cada vez maiores e por isso a realização da assembleia no domingo é “essencial para divulgarmos nosso manifesto através de uma carta aberta e avançarmos na luta por uma educação pública de qualidade, que contemple a juventude”.
A assembleia geral dos estudantes secundaristas ocorre no domingo (29), na praça Roosevelt, centro da capital paulista, a partir das 14h. Nesta sexta-feira (27) é a vez dos professores realizarem assembleia no vão do Masp, às 14h com ato público do Grito pela Educação Pública no Estado de São Paulo contra a “reorganização”.
“Os estudantes também boicotam a realização do Saresp (prova de avaliação promovida pelo governo estadual) e com isso a repressão de diretores de escolas, contrários às ocupações se intensificam”, diz Camila Lanes, presidenta da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas. Ela anuncia que “não tem arrego, enquanto esse projeto não for engavetado”.
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O grupo Não Fechem Minha Escola denuncia vários atos violentos contra estudantes que ocupam escolas no interior do estado e na Grande São Paulo. “Para tentar realizar o Saresp de qualquer forma a diretora Renata da escola Luiz Castanho de Almeida em Bauru pediu para o marido arrombar o cadeado da escola, mandou os funcionários roubarem a comida dos estudantes e ainda por cima incitou os estudantes puxa-saco a partirem para cima dos estudantes da ocupação”, afirmam.
Nesta quinta ocorre também uma audiência pública sobre o projeto do governo Alckmin de “reorganização escola” na Câmara dos Deputados em Brasília, às 10h. O secretário de Educação de São Paulo Herman Voorwald está convidado.
“Nosso movimento ganha grande repercussão porque estamos defendendo um direito da juventude que está deixando muito claro que luta por mais investimentos em educação com escolas mais estruturadas, um currículo compatível com a realidade e profissionais melhor remunerados”, defende Ângela.
Marcos Aurélio Ruy – Portal CTB