O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) vai exibir gratuitamente nesta segunda-feira (16) o documentário Menino 23, de Belisario Franca, que mostra a investigação do historiador Sidney Aguilar por meio das memórias de meninos negros e órfãos vítimas de preconceito, trabalho semiescravo e violência nos anos 1930. Um deles, hoje com 87 anos, relata os abusos. A obra ajuda a compreender as raízes do racismo e do eugenismo no Brasil e sua permanência devastadora.
O documentário mostra a ação dos nazistas brasileiros, que deixaram como sequelas o racismo e a negação dele. O documentário mostra a ação dos nazistas brasileiros, que deixaram como sequelas o racismo e a negação dele. Após a exibição, que acontece nos auditórios do Ipea no Rio de Janeiro e em Brasília, haverá debate sobre o filme com o diretor Belisario Franca, o historiador Sidney Aguilar, o técnico de Planejamento e Pesquisa da Diretoria de Estudos e Políticas Sociais do Ipea Antonio Teixeira Lima Junior e pessoas ligadas ao tema.
Em 1998, o historiador Sydney Aguilar ensinava sobre nazismo alemão para uma turma de ensino médio quando uma aluna mencionou que havia centenas de tijolos na fazenda de sua família estampados com a suástica – o símbolo nazista. Esta informação despertou a curiosidade de Sydney e desencadeou sua pesquisa.
Pouco a pouco, o filme mostra como o historiador avançou com a investigação, revelando que, além de fatos, ele também descobriu vítimas. O trabalho de Sidney vai reconstituir laços estreitos entre as elites brasileiras e crenças nazistas, refletidos em um projeto eugênico implementado no Brasil.
Nazistas brasileiros
Sidney revela que nazistas brasileiros orquestraram a remoção de 50 meninos de um orfanato no Rio de Janeiro, prometendo-lhes uma vida melhor, mas a realidade se revelou muito mais dura: seu destino era a escravidão e o isolamento na Fazenda Cruzeiro do Sul, propriedade de poderosa família da elite local.
Aloísio Silva, um dos sobreviventes, lembra a terrível experiência que escravizou os meninos ao ponto de privá-los do uso de seus nomes, transformando-o no “23”.
Sidney e outros historiadores e especialistas irão delinear os contextos históricos, políticos e sociais do Brasil durante os anos 1920 e 1930, explicando como um caldeirão étnico como o Brasil absorveu e aceitou as teorias de eugenia e pureza racial, a ponto de incluí-los em sua Constituição de 1934.
A investigação culmina com a descoberta de Argemiro, outro sobrevivente do projeto nazista da Cruzeiro do Sul. Sua trajetória reforça ainda mais como os conceitos de “supremacia branca” e as tentativas de “branqueamento da população” marcaram nosso corpo social deixando sequelas devastadoras até os dias de hoje. Sendo o racismo e – mais ainda – a negação do mesmo, as mais permanentes.
Serviço:
O evento é aberto ao público e ocorre no auditório do 10º andar do Instituto, na Av. Presidente Antonio Carlos, 51, no Rio. Como as vagas são limitadas, é necessário confirmar presença pelo e-mail [email protected]. O credenciamento será às 10h30, seguido do café da manhã de boas-vindas. Haverá transmissão para o auditório do 7º andar do Ipea em Brasília (SBS, Quadra 1, Ed. BNDES/Ipea).
Fonte: Vermelho, com informações do Ipea