O cantor e compositor paraibano Chico César concedeu entrevista ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em sua visita à 1ª Feira Nacional de Reforma Agrária, em São Paulo.
Ele defende a reforma agrária como fundamental para melhorar a produção de alimentos e diz que a cultura é essencial para mudar o mundo.
“A luta pela terra não é só uma luta dos trabalhadores sem-terra, é uma luta de quem vive na cidade e precisa consumir alimentos saudáveis”, disse o músico. “Nós que vivemos agora precisamos fazer a reforma agrária”.
Isso porque desde a colonização em toda a América Latina o latifúndio tem prosperado. Ele conta que o seu engajamento com a luta pela posse da terra é anterior ao MST porque ele é filho de um “camponês sem terra”, do interior da Paraíba.
Cultura e sociedade
Ele fala também sobre a relação da cultura com a vida. Para Chico é necessário “entender a cultura como algo transversal que dialoga com a saúde, o transporte e com uma visão de sociedade”.
Sobre a participação de artistas na política ele diz que o engajamento não é obrigatório, mas que “todo mundo de certa forma se posiciona, mesmo que ache que não se posiciona”.
Chico se refere também aos acontecimentos atuais e conclui que “se silenciarmos a respeito de como vemos o mundo, seremos atropelados pelo tempo”. Para ele, “o silêncio é cúmplice” da tragédia.
O artista diz ainda que a luta é que alimenta a arte. Já “a vida é mais complexa e mais completa. A arte é um aspecto, a cultura é um aspecto”. Mas ele cita pensamento de Celso Furtado no qual o economista diz que “é impossível pensar um projeto de desenvolvimento que não seja a partir da cultura”.
Chico complementa afirmando que “os governos erram quando pensam a cultura como mero entretenimento, acessório. A cultura é fortíssima, é ela que muda tudo”.
Assista a entrevista completa no vídeo abaixo:
Marcos Aurélio Ruy – Portal CTB