Razões da desigualdade salarial entre gêneros, bem como as estratégias para o enfrentamento do problema estavam entre os temas debatidos hoje (27) no 4º Encontro com Mulheres Sindicalistas: Diálogos sobre o Mundo do Trabalho – Desafios para a Autonomia Econômica das Mulheres.
O evento ocorreu em Brasília e foi promovido pela Secretaria de Políticas do Trabalho e Autonomia Econômica das Mulheres, do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos. Participaram representantes de sindicatos, confederações, entre elas, a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), além de centrais como a CTB, CUT, Nova Central, entre outras.
Após a reunião, as sindicalistas seguiram até a Câmara dos Deputados, onde fizeram um ato de protesto contra o PL5069/2013, do presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB/RJ), que dificulta o atendimento médico às mulheres vítimas de violência sexual. As manifestantes estenderam uma faixa e gritaram palavras de ordem pedindo a saída de Cunha e a retirada do projeto.
Segundo a presidente da CTB no Amazonas e Secretária de Relações de Gênero da CNTE, Ísis Tavares, o objetivo principal do encontro foi discutir a igualdade salarial sob a ótica da legislação trabalhista e conhecer projetos sobre a pauta, em tramitação no Congresso.
“Tivemos uma exposição sobre o que diz a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) em relação à equidade salarial. Saímos conscientes da importância de conhecer a lei para discutir políticas de igualdade e sair ao debate com propriedade”, afirmou Ísis.
Segundo a dirigente sindical, há dois fatores que impedem o progresso da pauta sobre a igualdade de gênero – a legislação e a própria questão cultural. Ísis avaliou o encontro como essencial para debater, ouvir e trocar experiências com as dirigentes de outras entidades, o que permite refletir, conhecer outras realidades e desenvolver propostas de melhorias.
A sindicalista ressaltou ainda a necessidade de maior representação feminina no parlamento para impedir o avanço de pautas que ferem os direitos femininos. “Precisamos empoderar as mulheres, não só nos sindicatos, mas também aumentar a nossa participação na política, nos espaços de poder. Podemos ter os melhores projetos de lei, mas se não tivermos maior representatividade, não adianta. Temos um Congresso conservador, que não discute gênero e as trabalhadoras precisam se apropriar desse debate. O movimento sindical, por mais aguerrido que seja, esbarra numa coisa chamada parlamento. Se não mudarmos a correlação de forças, nada muda. Sempre iremos esbarrar nesse machismo e conservadorismo que ocupa espaço até mesmo entre as fontes progressistas”, pontuou.
De Brasília, Ruth de Souza – Portal CTB