No dia 3 de outubro, a Federação Sindical Mundial (FSM) completa 70 anos para celebrar a data, a CTB e movimentos sociais brasileiros farão um ato mundial anti-imperialista em São Paulo.
“Diante o atual cenário de crise do capitalismo a classe trabalhadora é quem mais sofre seus efeitos. O movimento sindical precisar estar unido para enfrentar mais esta luta”, declarou o presidente da CTB, Adilson Araújo.
O ato ocorrerá após a realização de um Simpósio Internacional que deve reunir sindicalistas de mais de 30 países de todos os continentes para debater a atuação do movimento sindical, assim como lembrar a luta da FSM nestas sete décadas.
“O movimento sindical e social deve intensificar seu protagonismo político, denunciar e combater o imperialismo e apontar alternativas […] temos o desafio de elevar a mobilização e a consciência da classe trabalhadora, defender a democracia, o direito das nações à autodeterminação, a paz mundial e novos projetos nacionais de desenvolvimento fundados na valorização do trabalho”, diz a convocatória.
Após o ato político será realizada uma atividade cultural com a presença de artistas latino-americanos além do show de Fabiana Cozza, a programação conta com DJ DanDan, Banda del Pepe, Denis Família e ProjetoNave & Síntese. (confirme sua participação no evento do facebook)
O ato mundial anti-imperialista que terá como cenário o Vale do Anhangabaú, próximo a Praça das Artes, tem o apoio e participação de entidades do movimento social e sindical, entre elas, a Intersindical, a União Sindical dos Trabalhadores (UST), União Nacional dos Estudantes, União Brasileira de Mulheres, União de Negros pela Igualdade, Confederação Nacional de Associações Comunitárias, Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, Movimento dos Sem-Terra, União Brasileira dos Estudantes Secundaristas, Fora do Eixo e Mídia Ninja.
Leia abaixo a íntegra do documento:
Por uma nova ordem mundial
Vivemos um momento crítico da história, marcado pela crise econômica e geopolítica do capitalismo. O acirramento das contradições inerentes ao sistema, a radicalização da luta de classes e dos conflitos internacionais são evidências desse quadro. É um tempo desafiador para o movimento sindical, as forças democráticas, revolucionárias e anti-imperialistas em todo o mundo.
A classe trabalhadora é a maior vítima da crise. Sofre uma feroz ofensiva neoliberal. Vive o drama da estagnação econômica e do desemprego em massa, que condena ao ócio involuntário mais de 200 milhões de desempregados, segundo dados da OIT. Direitos sociais e trabalhistas são suprimidos ou flexibilizados. A soberania das nações é colocada em xeque e atropelada em várias regiões.
Na Europa, sob o manto da austeridade fiscal e o tacão da Alemanha, os governos e a troika promovem o impiedoso desmantelamento do chamado Estado de Bem Estar Social. Em alguns países, como é o caso da Grécia, há uma queda acumulada de 25% do PIB. Já na Espanha, metade da juventude está desocupada. A conversão ao euro, assimétrica e desigual, resultou para muitas nações na perda de suas soberanias na determinação da política econômica, ditada e imposta pela cúpula da União Europeia, BCE e FMI.
Na Ucrânia os EUA e a Otan armam e respaldam política e ideologicamente um governo de extrema direita com o propósito de afrontar a Rússia. No Oriente Médio o imperialismo semeia a guerra para preservar e fortalecer seu domínio. Na Ásia estimula hostilidades contra a China no mar do Sul, enquanto na América Latina está associado à onda conservadora e neofascista que ameaça a Venezuela, Argentina, Equador e Brasil, conforme denunciou recentemente o presidente da Bolívia, Evo Morales.
A lei do desenvolvimento desigual das nações e o parasitismo econômico da potência hegemônica levou ao progressivo declínio do poderio econômico relativo dos EUA e, como contrapartida, à ascensão da China, que hoje já pode ser considerada, sob variados aspectos, a maior economia do planeta.
Este acontecimento evidencia o esgotamento do arranjo geopolítico negociado em Bretton Woods – fundado no padrão dólar e na hegemonia estadunidense -, revelando a necessidade de uma nova ordem mundial e enseja objetivamente uma transição nesta direção. Os acordos e decisões adotadas nas últimas cúpulas do Brics, bem como a determinação chinesa de criar o Banco Asiático de Infraestrutura, lançaram as bases fundamentais dessa possibilidade de uma nova ordem mundial.
Este movimento converge com as iniciativas integracionistas de governos da América Latina e do Caribe que resultaram na fundação da Unasul, Alba e Celac. Desta última, destaca-se a decisão de transformar a América Latina e o Caribe numa zona de paz, onde os eventuais conflitos devem ser solucionados por meio do diálogo, rejeitando-se intervenções estrangeiras. Uma clara atitude anti-imperialista.
Os Estados Unidos reagem a esses novos ventos da história e manobram em todas as esferas e por todos os meios para interditar e reverter a integração político-econômica latino-americana e caribenha, bem como a ascensão da China e do Brics. Com sua política expansionista e cerca de 800 bases militares pelo mundo, patrocina tragédias e atrocidades contra os povos, sobretudo no Oriente Médio. Articula movimentos desestabilizadores e reacionários contra projetos progressistas e respalda a política criminosa de Israel contra o povo palestino.
Esta reação imperial traz na carona o espectro do nazi-fascismo e instala no mundo uma situação tensa, incerta e perigosa.
Nessa complexa conjuntura, o movimento sindical e social deve intensificar seu protagonismo político, denunciar e combater o imperialismo e apontar alternativas. Em aliança com as organizações progressistas e revolucionárias, temos o desafio de elevar a mobilização e a consciência da classe trabalhadora, defender a democracia, o direito das nações à autodeterminação, a paz mundial e novos projetos nacionais de desenvolvimento fundados na valorização do trabalho. No curso da luta vamos pavimentar o caminho para uma nova ordem geopolítica, efetivamente democrática e multilateral, e para o socialismo.
Convictos desses objetivos, convocamos o povo brasileiro, o sindicalismo classista nacional e internacional, os movimentos sociais, os democratas e progressistas para o Ato Mundial Anti-imperialista que será realizado as 09horas do dia 3 de outubro de 2015 na Av. São João, 281, Centro, São Paulo, SP.
São Paulo, SP, 18 de agosto de 2015