“Nestes 70 anos, a Federação Sindical Mundial (FSM) vem acompanhado e fortalecendo a emancipação dos trabalhadores e trabalhadoras, por isso é um instrumento imprescindível para a luta de classe”, disse o vice-presidente da organização, João Batista Lemos, em entrevista para o Portal CTB.
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Durante a conversa, Batista destacou o papel da FSM na resistência do sindicalismo classista ao nazifascismo e sua luta pelo socialismo. “Com a desintegração da União Soviética nós tivemos um revés muito grande. Houve até mesmo o avanço do sindicalismo pró-capitalismo, mas apesar disso a FSM acompanhou a resistência à ofensiva do capital e lutou conta o pensamento único neoliberal”, frisou o sindicalista.
A partir de 2005, após a realização do 15º Congresso da entidade em Havana (Cuba) o movimento sindical internacional “começou a ter uma certa virada”, destacou Batista. Ele expressou que naquele período cresceu na América Latina o desejo por governos progressistas e de esquerda.
“Com o apoio solidário da Central dos Trabalhadores de Cuba – CTC, da Venezuela, Bolívia e outros países, a FSM se reestruturou e ampliou sua atuação em outros continentes como a África, através do Congresso dos Sindicatos Sul-Africanos (Cosato), importante iniciativa na terra de Mandela”, sublinhou.
Outro fator que favoreceu o fortalecimento do sindicalismo classista, segundo ele, é a crise sistêmica do capitalismo que gera desemprego e perdas de direitos em todo o mundo fazendo com que aumente resistência dos trabalhadores à globalização neoliberal.
Simpósio Sindical Internacional
Neste contexto de crise internacional ocorrerá no Brasil, em São Paulo, a comemoração pelos 70 anos da FSM entre os dias 1 e 3 de outubro com um simpósio que debaterá temas como os tratados de livre comércio em contraponto aos blocos de integração como a Celac (Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos).
Sobre o tema, vice-presidente da FSM, lembrou-se de que em novembro completam-se 10 anos da derrota da Alca (Área de Livre Comércio das Américas), proposta dos Estados Unidos com o objetivo de subordinar a economia dos países, inviabilizando projetos próprios de desenvolvimento nacional.
“Para tentar substituir a Alca o imperialismo busca tratados de livre comércio bilaterais e a gente deve combatê-los”, disse. Para ele o sindicalismo classista deve trabalhar rumo à integração soberana e solidária da América Latina.
Batista citou como exemplo a formação da Celac e de blocos como o Brics (formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) como alternativas ao imperialismo.
“Nosso continente é rico em população, em riquezas naturais, em experiência política de luta de classe. O mundo caminha para um mundo mais multipolar isso favorece a luta dos trabalhadores em todos os países”, falou.
Ameaça golpista na América Latina
Os países da América Latina têm sofrido ameaças de golpes contra seus governos progressistas e de esquerda, para o sindicalista, que enfrentou a ditadura militar no Brasil (1964-1985) e atualmente é anistiado, os setores mais conservadores da sociedade não aceitam o protagonismo da classe trabalhadora. “A melhor forma de defender a integração é defender os governos democraticamente eleitos”, destacou.
Neste sentido, ele afirmou que o Ato Mundial Anti-imperialista, que ocorrerá no dia 3 de outubro (data de fundação da FSM), ganhará um caráter mais amplo em defesa da soberania nacional.
O ato irá encerrar as atividades em homenagem ao septuagésimo aniversário da FSM e contará com a presença de movimentos sociais brasileiros de moradia, juventude, mulheres entre outros.
A atividade político-cultural será realizada na Praça das Artes (Av. São João, 281), centro da capital paulista e terá a apresentação de diversos artistas latino-americanos entre eles a brasileira Fabiana Cozza.
Outras informações sobre a atividade no evento do facebook
Érika Ceconi – Portal CTB