Alguém pergunta, numa rede social: como uma profissão que sempre produziu pessoas de alta consciência social, o jornalismo, pode abrigar monstros morais como a húngara Petra Laszlo?
Petra virou uma abominação mundial ao ser flagrada chutando e derrubando refugiados na Hungria.
A explicação para a conduta desumana de Petra não está no afrouxamento do caráter dos jornalistas, embora isso possa estar acontecendo.
A resposta está na ideologia.
Petra, como logo se soube, é nacional socialista. Ou seja, nazista. Ela trabalhava, até ser demitida ontem mesmo, numa emissora de extrema direita da Hungria.
Um traço essencial do caráter das pessoas de extrema direita é a desumanidade, o ódio torrencial, a falta de compaixão, solidariedade e outras coisas que conectam os seres humanos.
Detestam imigrantes. Detestam pobres. Detestam negros. Detestam homossexuais e demais minorias.
São incapazes de se comover com o sofrimento de uma criança miserável. Preferem vê-la morta.
Petra é deste grupo.
Ela guarda uma notável semelhança física com uma alma gêmea sua, o norueguês Anders Breivik, o ultradireitista que matou mais de 70 jovens em nome do combate à expansão dos muçulmanos.
O mesmo semblante, a mesma frieza, o mesmo ar de pretensa superioridade racial.
No Brasil, essa escória moral está por trás de grupos que vestem verde e amarelo e vão para as ruas pedir a volta da ditadura.
Nas redes sociais, eles disseminam seu ódio patológico, cego e obtuso. Um de seus alvos frequentes são os nordestinos, para eles uma subraça, assim como os refugiados para Petra.
Há um mentor por trás da extrema direita brasileira, o pseudofilósofo Olavo de Carvalho, que é a própria personificação do ódio.
Ele arregimentou seguidores que espalham sua pregação raivosa, intolerante e primitiva.
Entre eles está uma espécie de duplo de Petra, Rachel Sheherazade.
Sheherazade virou um caso nacional quando defendeu os linchadores de um garoto que tem todos os defeitos para gente que pensa como ela: pobre e negro.
Até o governo federal, tão leniente quando se trata de encher de dinheiro empresas de mídia que sabotam a democracia, ficou passado.
Para não perder o Anualão de 150 milhões de reais de verbas publicitárias do governo, Silvio Santos colocou-a na geladeira. Transformou-a numa locutora, à espera, com certeza, de que o PT saia do poder para devolvê-la à condição de comentarista.
Petra faria o mesmo que Sheherazade, caso fosse brasileira.
Se estivesse filmando o menino justiçado que trouxe notoriedade a Sheherazade, daria os mesmos pontapés que deu em refugiados em situação extrema, incluídas crianças.
Parecia que o Brasil estava livre da praga da extrema direita inumana.
Mas não.
Ela está aí, com todo o catálogo de abominações típicos dos nazistas.
E o pior é que, por razões oportunísticas e sórdidas, os senhores do ódio recebem no Brasil o estímulo da oposição e, claro, da imprensa.
Basta ver o número de ultradireitistas com posições privilegiadas nas corporações de mídia.
Sheherazade, nossa Petra, é um caso que está longe de ser único.
Paulo Nogueira é jornalista e edigtor do Diário do Centro do Mundo.
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