O pesaroso aniversário da agressão israelense contra a Faixa de Gaza foi marcado, neste 25 de agosto, com um plantio de árvores que homenageou as 551 crianças palestinas que morreram no ataque. Das 2.251 pessoas mortas em 2014 pela “Operação Margem Protetora”, de Israel, um quarto era criança. O Cebrapaz convidou o Embaixador da Palestina, Ibrahim Alzeben, e autoridades locais para a homenagem, que teve lugar na periferia paulistana, em Cidade Tiradentes. A CTB apoiou a iniciativa.
Encerrando o ciclo “Ocupação e Resistência na Palestina – Um ano da Ofensiva Israelense”, o Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz) organizou o plantio de 551 árvores típicas da Mata Atlântica no bairro Cidade Tiradentes, Zona Leste de São Paulo. O objetivo foi homenagear as crianças palestinas vítimas da última agressão de Israel – muitas, membros de famílias completamente dizimadas – e reafirmar a solidariedade dos brasileiros ao povo palestino, na luta pela paz e na resistência contra a ocupação israelense.
O plantio de 50 mudas de árvores frutíferas e outras naturais da Mata Atlântica – ipês, aroeira pimenta, capixingui, cedro rosa, cerejeira, jaboticabeiras, jequitibás, pessegueiros, pitangueiras, entre mais de 50 espécies – oferecidas pelo viveiro Matas Nativas inaugurou o trabalho que conformará o Bosque Crianças da Palestina, no interior do Parque Vila do Rodeio, com 551 árvores. No local também fica instalada uma placa com os nomes das crianças palestinas vitimadas e suas idades.
Participaram do plantio das árvores o embaixador da Palestina Ibrahim Alzeben, o subprefeito de Cidade Tiradentes Miguel Reis, o secretário municipal da Igualdade Racial Maurício Pestana, a presidenta do Cebrapaz e do Conselho Mundial da Paz, Socorro Gomes, o secretário de Relações Internacionais do PCdoB, José Reinaldo Carvalho, os responsáveis pela realização do evento no Parque Vila do Rodeio e cerca de 30 alunos do sexto ano da EMEF Senador Luís Carlos Prestes.
Em seguida, um ato com as falas dos representantes aconteceu no Centro de Formação Cultural Cidade Tiradentes (CFCCT), que abriga uma importante Biblioteca Temática de Direitos Humanos. Lá, o subprefeito Miguel Reis falou da sua satisfação pela realização da homenagem ao aguerrido povo palestino em Cidade Tiradentes, onde a população também enfrenta desafios estruturais, vitimada por elevados níveis de violência, sobretudo entre os jovens.
No mesmo sentido, diretor do CFCCT, Guilherme de Cerqueira César ressaltou a pertinência da temática, “porque aqui levamos a questão dos direitos humanos muito a sério, ao contrário da liderança sionista do Estado de Israel.” O diretor enfatizou o compromisso do Centro de Formação Cultural com a causa palestina e fez uma ponte entre a situação dos jovens do bairro com a dos palestinos. O mesmo ponto foi enfatizado pelo secretário de Igualdade Racial, Maurício Pestana, que relacionou a violência sofrida pelos palestinos sob a ocupação israelense e pela população negra no Brasil.
Para o embaixador Alzeben, a demonstração da solidariedade com o povo palestino é significativamente relevante devido aos simbolismos da luta e da resistência contra a ocupação, na qual os palestinos sabem que têm amigos entre os brasileiros. O plantio das árvores, disse, “representa as vidas das crianças massacradas, que seguem em pé aqui no Brasil, em Cidade Tiradentes, como um testemunho dessa amizade.” O embaixador ressaltou ainda a confiança no apoio brasileiro à causa dos palestinos pela paz e pela justiça.
Socorro Gomes, presidenta do Cebrapaz, reafirmou a “solidariedade dos brasileiros ao valente povo palestino, que segue firme na resistência contra uma ocupação criminosa, uma política colonialista condenada mundialmente, que massacra cotidianamente.” Socorro disse também que “o ato singelo, com o plantio das árvores, é uma demonstração permanente dessa solidariedade e da luta dos brasileiros, ao lado do povo palestino, por justiça e pela paz, para que todos tenham direito às suas árvores, às suas terras, ao seu país e à vida. Dizemos, com esse ato, que nós não nos esqueceremos.”
José Reinaldo Carvalho, secretário de Relações Internacionais do PCdoB, saudou a iniciativa do Cebrapaz como uma importante demonstração de firmeza na luta contra a ocupação sionista da Palestina e do empenho na sua denúncia desde o Brasil. “Foi simbólico também o envolvimento dos alunos da escola Senador Luís Carlos Prestes, que foi um aguerrido militante comunista e uma liderança histórica do PCdoB,” continuou, referindo-se às 30 crianças que participaram do plantio das mudas. O secretário reafirmou a solidariedade decidida do Partido à causa palestina, na resistência contra a opressão sionista e na luta internacionalista pela paz.
O ciclo organizado pelo Cebrapaz marcou um ano desde a última ofensiva israelense contra a Palestina ocupada. Os debates abordaram a ocupação israelense seus impactos sobre os residentes da Palestina e de Israel, os que ficaram e aqueles na diáspora – há mais de cinco milhões de refugiados palestinos pelo mundo. Questões centrais da luta palestina, o caso dos prisioneiros – mais de seis mil palestinos estão em cárceres israelenses, muitos presos arbitrariamente, inclusive crianças – e um histórico de massacres e despojo foram debatidos por representantes de movimentos sociais brasileiros e palestinos, pesquisadores e jornalistas, com a afirmação constante da importância da solidariedade internacional à causa da paz e da justiça, por uma Palestina livre e soberana.
Por Moara Crivelente, do Cebrapaz