O Polo Industrial de Cubatão precisa ser recuperado

A cidade de Cubatão tem um espaço muito importante na economia brasileira. E isto acontece desde que foi construída a Via Anchieta, na metade do século passado. O acesso à região do maior porto da América Latina estimulou o Governo Federal a promover em seguida a implantação da Refinaria Presidente Bernardes. E o setor industrial escolheu a cidade para montar uma siderúrgica de grande porte, que levou o nome de Cosipa, que foi estatizada ainda durante a construção.

Outro setor que se sentiu atraído foi a área de fertilizantes. E empresas produtoras de alto nível ocuparam espaço significativo, somando-se também   uma fábrica de vidros. Os reflexos foram facilmente constatados, com um grande crescimento na pequena cidade. É que ao longo dos anos, muitos dos trabalhadores contratados para as construções criaram raízes não apenas na cidade mas se espalharam pela Região Metropolitana, vinda de vários Estados brasileiros.

O tempo foi passando, as empresas foram evoluindo em termos de tecnologia e de ampliação da produção, para atender a um mercado consumidor em crescimento. E que resistiu a algumas crises.

Nas empresas o efetivo funcional não teve muitas modificações, a não ser a exigência para a especialização, levando muitos deles a passar por cursos profissionalizantes.  E não pode ser omitido também que se preparassem para as novas técnicas, tanto de fabricação como de pesquisas.

Mas não há bem que sempre dure, diz um ditado popular. E como poderia ser previsto, surgem os problemas que estão afetando a economia brasileira como um todo. Dai não foi surpresa que nos últimos meses as notícias sobre o polo industrial que não foram positivas passaram a preocupar não apenas aos empregados das empresas.

O assunto ultrapassa os limites inclusive da cidade de Cubatão, pois a possibilidade de desemprego em grande número vai ter reflexos em outras cidades de região metropolitana, onde eles moram em quantidade significativa.

Um exemplo desse grave problema tem a ver com a empresa do porte da Usiminas, que  anuncia o chamado abafamento de um de seus alto-fornos. E não apenas na filial de nossa região, mas também na sede principal, em Ipatinga, no Estado de Minas Gerais.

A alegação da Empresa é que no momento o mercado do aço brasileiro sofre os efeitos da falta de compradores, pois países que são clientes há muitos anos, suspenderam ou diminuíram as importações. E um produto que poderia ter um uso maior no Brasil, é estocado em grande quantidade. O que mostra que  o quadro é muito grave. E mais, isto pode indicar a demissão de milhares de trabalhadores. C

omo se sabe, todas as grandes empresas contam com um efetivo próprio, mas também com elevado número de terceirizados. Que podem   anteceder os desligamentos. O que fazer diante desta situação? Por certo não é possível ficar aguardando os acontecimentos. Mas também não  adiantam os protestos isolados ou de momento.

É preciso que a situação motive  um envolvimento dos mais diferentes segmentos,  incluindo no caso as  os trabalhadores à partir da ação de seus representantes sindicais. E o envolvimento  dos Executivos e legislativos,  começando pelos municípios e atingindo os governos do Estado e Federal. E envolvendo também a classe empresarial e outros setores que podem influir na discussão e encaminhamento de propostas.

Um grupo de sindicalistas da região, que representam algumas categorias que atuam na siderúrgica,  está sugerindo a avaliação de intervenção de organismos governamentais que possam influir na implantação de estaleiros e fábricas de equipamentos ferroviários, que utilizam o aço. E mais, envolveriam também o sistema universitário para as pesquisas e elaboração dos projetos para a construção  dos equipamentos. 

Há ainda uma outra questão que é de interesse social, a utilização do aço em projetos  habitacionais. São apenas alguns exemplos do que pode ser feito e por certo, com um grande reflexo social e atingindo também a economia brasileira.

Os sindicalistas criaram uma organização que  denominaram  de Fórum Cresce Baixada. E de forma objetiva, foi montado  um calendário para assegurar que as deliberações não sejam pontuais e imediatistas. E sirva de motivação para que os temas de interesse da comunidade da Região Metropolitana criem espaços e possam ser debatidos com a mais ampla participação.

Fica em aberto o contato dos interessados sobre o assunto nos contatos com a sede regional do Sindicato dos Engenheiros ou com o Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil. Este trabalho intersindical, reúne várias tendências políticas, numa demonstração de que a defesa  do interesse da classe trabalhadora não pode ter como obstáculo as questões pessoais ou político-partidárias . Mas nos encaminhamentos são respeitadas as posições divergentes e para supera-las o debate transparente  tem sido colocado de forma objetiva.

A crise no caso pouco difere do que acontece em quase todo o Brasil, e por certo as soluções não são fáceis, mas não dá para ficar esperando que os problemas sejam superados sem uma efetiva participação de todos os segmentos sociais.

E por fim, pode servir para a reformulação de uma posição que tem sido a regra no posicionamento de vários segmentos produtivos, que é o incentivo à exportação de matérias primas e comodities. É preciso efetivar a produção, para que o valor agregado permaneça no nosso país.

Uriel Villas Boas – representante da Fitmetal/CTB no Fórum Cresce Baixada – MAP, LP  e Concidadania

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