O Sindicato dos Comerciários do Rio de Janeiro está de volta à categoria. Depois de décadas de domínio do clã Mata Roma, uma intervenção judicial possibilitou o que os trabalhadores comerciários tanto ansiavam: um pleito democrático para eleger a diretoria do sindicato.
O processo eleitoral aconteceu ao longo dessa quarta-feira (17) e, apesar de nenhum incidente nas urnas, foi marcado por tensão após mais de 200 capangas (mais de 20% com passagens pela polícia por roubo com arma, estelionato, tráfico e estupro, segundo informações da polícia de São Paulo) invadirem e depredarem a sede do sindicato na madrugada de quarta.
O presidente eleito do Sindicato, o comerciário Márcio Ayer, trabalhador da Material de Construção Sangue Bom, declarou que a vitória da Chapa 1 representa a vontade dos trabalhadores em retomar para si o sindicato.”Essa importante vitória mostra que os trabalhadores estão em busca de mudanças para a categoria! Demonstra que os trabalhadores querem um sindicato de volta para construir um novo caminho! E essa é a nossa tarefa: a partir de agora, trabalhar incansavelmente por um novo rumo a essa entidade para que os comerciários do Rio de Janeiro possam ter um sindicato combativo e de luta”.
Uma eleição histórica
A eleição do Sindicato dos Comerciários do Rio de Janeiro vai entrar para a história do movimento Sindical braileiro. O pleito acontece pela primeira vez no sindicato após a intervenção judicial que retirou a família Mata Roma da direção da entidade após quase 50 de muita corrupção, fraudes e nepotismo. Luizant Mata Roma assumiu sindicato como interventor nomeado pela ditadura militar em 1966 e ficou na direção da entidade até sua morte em 2006, quando Otto Mata Roma e a UGT passaram a controlar a entidade, transformando-a em uma verdadeira capitania hereditária sindical.
Ano passado, a Justiça do Trabalho nomeou um interventor para apurar as denuncias de corrupção que pairavam sobre a entidade e a auditoria feita nas contas da entidade revelou que Otton Mata Roma contratava seus parentes com salários que chegavam até R$ 23 mil (enquanto o salário da categoria não chega a R$ 1 mil). Outros diretores do sindicato ganhavam até R$ 60 mil com direito a cartão coorporativo com crédito ilimitado. As fraudes chegam a somar mais de R$ 100 milhões apenas nos últimos 5 anos.
Urnas apuradas
Com mais da metade das urnas já apuradas, a Chapa 1 – A Hora da Mudança, apoiada pela CTB, já está matematicamente eleita para a direção do Sindicato dos Comerciários do Rio de Janeiro. Até o momento, a Chapa já totaliza 503 votos contra 34 votos da Chapa 2 e 86 votos da Chapa 3.
UGT tenta quebra-quebra para tumultuar eleições dos comerciários no Rio
Fonte: CTB-RJ