A orquestra do céu (se é que existe uma, como preconizam algumas religiões) ganhou nesta quinta-feira (14) a companhia de um dos maiores músicos do século 20. Riley Bem King faleceu, mas a obra de B.B. King, como ficou conhecido mundialmente, jamais morrerá porque se constitui da mais pura autenticidade da linguagem universal da música.
Como a absoluta maioria dos negros norte-americanos no início do século 20, King nasceu pobre e ainda criança começou a trabalhar na colheita de algodão no estado sulista do Mississipi, um dos mais racistas dos Estados Unidos. Não fosse a sua obstinação e o enorme talento para a música poderia ter sido apenas mais um número nas vítimas da violência racial dos norte-americanos.
The Thrill Is Gone
Mas para o bem da arte, King superou suas mazelas, como muitos outros artistas afrodescendentes pelo mundo afora, e venceu tornando-se um dos músicos mais prestigiados do planeta. Considerado pela revista norte-americana “Rolling Stone”, especializada em música, um dos três maiores guitarristas de todos os tempos, ao lado de Jimi Hendrix e Eric Clapton.
Porém, B.B. King tinha uma maneira singular de tocar guitarra com solos prolongados nos seus blues, gênero musical dos Estados Unidos, que influenciou o rock e transpirava em suas melodias o sofrimento dos negros de seu país, tanto que o blues tem uma pegada profundamente melancólica. King foi um de seus maiores representantes e com estilo inconfundível esticava seus solos, tornando a canção ainda mais contundente na tentativa de mostrar que somos todos humanos.
Please Love Me
Certa vez ele disse que poderia “fazer uma nota valer por mil” e fez como ninguém poderia imaginar. O seu desempenho baseava-se na agilidade de seus dedos sem grandes rompantes, conseguia elevar a música a tons inesperados com solos prolongados e atinados com a obra executada.
Ao longo dos quase 60 anos de carreira, B.B. King nos legou canções que marcaram gerações como “The thrill Is Gone”, “Everyday I Have the Blues”, “Please Love Me”, “You Don’ Know Me”, entre muitas outras. A marca Gibson Guitar Co. o nomeou “embaixador das guitarras Gibson no mundo”. O guitarrista deixa 14 filhos e mais de 50 netos.
Com mais de 50 álbuns gravados e uma centena de canções, B.B. King está eternizado em sua obra que continuará encantando e levando a reflexões a todas as pessoas que amam a arte e a cultura. O céu pode estar feliz, mas a humanidade chora a sua perda aos 89 anos, vítima de complicações do diabetes tipo 2, três meses antes de completar 90 anos em 16 de setembro.
Por Marcos Aurélio Ruy – Portal CTB com agências