O filósofo francês Albert Camus afirma em uma de suas obras que “a estupidez insiste sempre”. Esta é uma sentença que pode nos ajudar a analisar este momento do mundo, este tempo presente de tantas conquistas e que vem caminhando por outro lado para tantos retrocessos, e buscar algum entendimento sobre ele.
Olhamos com apreensão o avanço e a insistência da estupidez, que nas poderosas e candentes palavras (porque em mim, elas ardem ao lê-las) do escritor africano José Eduardo Agualusa permeiam as mentes de políticos como o líder da Liga do Norte na Itália, que propôs bloqueio naval e bombardeio a embarcações de refugiados que ousem cruzar o mediterrâneo.
O que dizer de mentes como as que propõem e aprovam a extinção de termos com “jornada exaustiva” ou “condições degradantes de trabalho”?
Pior do que não se constrangerem e não verem nada demais nos termos, é imaginarmos o que de fato pensam sobre as práticas a que os termos se referem.
A insistência da estupidez vem assolando o mundo e produzindo o que venho escrevendo aqui há algum tempo e que uma deputada do PT do DF, veementemente, afirmou em seu discurso de reprovação a essa aprovação da extinção dos termos, de “tempos sombrios”.
A estupidez nos está assombrando com o avanço do conservadorismo e das intolerâncias. Com a desumanização, com a dificuldade de lidar com a diferença e de aceitar este diferente como semelhante.
A cada dia nos assustamos com o refinamento de práticas, as menos democráticas possíveis, que vem tomando conta das mentes e dos corações que deveriam promover a construção de uma sociedade cada vez mais justa, com um maior número de oportunidades para todos e todas.
O que se vê, é assim como em tempos sombrios, a ascensão de práticas, com tendência a apoios sem qualquer tipo de discussão mais elaborada e ampla, que futuramente podem nos causar mais do que constrangimentos, perdas irreparáveis.
“A nossa luta é todo dia. Favela é cidade. Não aos Autos de Resistência, à Gentrificação e ao Racismo, ao Racismo Institucional, ao Voto obrigatório e à remoção!”
Mônica Francisco é membro da Rede de Instituições do Borel, Coordenadora do Grupo Arteiras. Este artigo foi publicado originalmente no Jornal do Brasil.
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