Por que será que a chamada grande mídia (Globo, Folha, Estadão, entre outras) utiliza dois pesos e duas medidas em suas abordagens dos fatos jornalísticos em curso? Por exemplo: Nas assim chamadas crise hídrica e “crise elétrica”.
São Paulo vive, há muito tempo, a redução de seus reservatórios de água, fato agravado mais ou menos há um ano pelos efeitos da baixa precipitação pluviométrica, que atinge boa parte da região sudeste. O efeito deste período prolongado de poucas chuvas tem levado, em alguns momentos, à redução da produção de energia, que é baseada na produção hídrica. Muito bem, uma – a redução da produção hidrelétrica – é consequência da outra – a redução do volume de água.
Como se comporta então a grande mídia (as sete famílias que impõem sua forma de pensar para toda uma nação)? Para a crise hídrica a culpa e a responsabilidade é de São Pedro (coitado!), que deve estar de relações cortadas com São Paulo. Para a “crise elétrica” a culpa é de Dilma que é inoperante, ou seja, nada fez para evitar os apagões (hein?). Por que poupar Alckmin e incriminar Dilma?
Os especialistas ouvidos pela própria mídia afirmaram que pelo histórico das chuvas nos últimos anos, aliado ao aumento do consumo comercial e pessoal, o desabastecimento era iminente, e que este diagnóstico já havia sido repassado para Alckmin. E o que fez nosso tão “preparado” governador – como ele gosta de afirmar? Nada. Atabalhoado, não fez nenhuma ação planejada que pudesse aumentar a capacidade de armazenamento da água. Muito pelo contrário, de forma irresponsável repassou bilhões para os acionistas da Sabesp, já no período do agravamento (por volta de setembro).
E a “crise elétrica”? Com exceção da redução hídrica, esta nunca existiu, neste período, é bom que se afirme, diferentemente do período tucano, em que o apagão trouxe grandes prejuízo para o país. E por que não há crise? Em função de todos os investimentos em infraestrutura dos governos Lula e Dilma para ampliação da capacidade de geração energética de fontes diversificadas, tanto da fonte hídrica, como as usinas de Belo Monte, Jirau, Santo Antonio do Jari e mais umas dez; da fonte eólica, com mais de 167 parques; da fonte fóssil, com a ampliação da capacidade de exploração e refino da Petrobras e do regime de partilha do pré-sal; da fonte de biomassas, com as pesquisas e a produção dos biocombustíveis; da fonte fotovotáica (solar); bem como com a energia termoelétrica, gerada por combustível, que funcionam quando acontece algum imprevisto com o sistema.
Nesses dois governos (Lula e Dilma) também foi desenvolvido o Sistema Integrado Nacional de distribuição de energia, que transfere capacidade ociosa de uma parte para outra que esteja com demanda. O que faltou desenvolver foi a fonte nuclear, ampliando a capacidade das usinas de Angra I e Angra II, ou criando Angra III.
Dentro deste cenário, o que faz a mídia, amiga dos banqueiros e do consórcio oposicionista? Condena o uso das termelétricas – que geraria gasto de combustível (como se não fosse função delas regular a oferta momentaneamente); antevê um suposto “apagão”, que não se realizou; e repete, como um mantra, meias-verdades no intuito de inculcar em nossas mentes que o governo Dilma é inoperante e despreparado. Como pode ser inoperante depois de tantas medidas para a regularização do fornecimento de energia sem interrupção, diferentemente do fornecimento da água, por Alckmin. Como despreparada? Pela própria diversificação das fontes geradoras, a então ministra das Minas e Energia, a saber Dilma Rousseff, mostrou alto preparo ao dar solução a um problema antigo do Brasil, com projetos modernos, complementares e que se tornaram referência para muitos países do mundo.
Ora, segundo a chamada grande mídia só nos resta rezar para São José interceder junto a São Pedro para chover em São Paulo. É demais!
Eduardo Navarro é Diretor Executivo da CTB e vice-presidente da Federação dos Bancários da Bahia e Sergipe (FEEB BA/SE)
Os artigos publicados na seção “Opinião Classista” não refletem necessariamente a opinião da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e são de responsabilidade de cada autor.