Desde a famosa Ô Abre Alas, de Chiquinha Gonzaga, lançada em 1899, as marchinhas de Carnaval vêm agradando aos foliões da maior festa popular do Brasil. As canções animam o Carnaval nas ruas e salões do país desde os anos 1920 e fizeram sucesso na voz de grandes intérpretes como Carmen Miranda, Emilinha Borba, Almirante, Mário Reis, Dalva de Oliveira, Silvio Caldas, Jorge Veiga e Blecaute, que imortalizaram lindas canções compostas por Braguinha e Alberto Ribeiro, Noel Rosa, Ary Barroso e Lamartine Babo, Ataulfo Alves, Sinhô, entre muitos outros.
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Marchinhas de Carnaval levam água para as ruas de São Paulo
Para celebrar os grandes autores desse gênero musical, o Portal CTB reuniu algumas das marchinhas eternizadas nos corações e mentes dos amantes da festa genuinamente brasileira e que tratam de tema crucial no mundo contemporâneo: a água. Esta que vem faltando nas torneiras de milhões de paulistas do estado mais rico da nação e que é responsável pela mais grave crise hídrica já enfrentada no país.
Tomara que Chova (Paquito e Romeu Gentil)
“Tomara que chova três dias sem parar. A minha grande mágoa é lá em casa não ter água. Eu preciso me lavar”, diz a marchinha Tomara que Chova, de Paquito e Romeu Gentil. Eles ainda dão um recadinho que bem poderia ser para o governador de São Paulo: “De promessa eu ando cheio”, porque “o que cansa é pensar que lá em casa não tem água nem pra cozinhar”, concluem os autores.
Lata D’Água (Luis Antonio e Jota Jr.)
Já Luis Antonio e Jota Jr. Abordaram a questão do ponto de vista da mulher do morro carioca em Lata d’Água: “Lata d’Água na cabeça na cabeça lá vai Maria, lá vai Maria. Sobe o morro e não se cansa. Pela mão leva a criança. Lá vai Maria”. Já a marcha Allah-lá-ô, de Haroldo Barbosa e Antônio Nássara pedem ajuda divina para com os versos “Allah! allah! allah, meu bom Allah! Mande água pra ioiô. Mande água pra iaiá; Allah! meu bom Allah”.
Chuva, Suor e Cerveja (Caetano Veloso)
Com muito humor Mirabeau Pinheiro, Lúcio de Castro e Heber Lobato argumentam em Cachaça Não É Água: “Você pensa que cachaça é água. Cachaça não é água não. Cachaça vem do alambique. E água vem do ribeirão”. A brincadeira carnavalesca ganha força com Saca-Rolha, de Zé da Zilda, Zilda do Zé e Waldir Machado. Repetem a graça entre bebida alcoólica e água. Provavelmente neste ano inverteriam o raciocínio. Eles dizem que “as águas vão rolar. Garrafa cheia eu não quero ver sobrar. Eu passo mão na saca, saca, saca rolha e bebo até me afogar. Deixa as águas rolar”. Jorge Gonçalves, Paquito e Romeu Gentil dizem que “a água lava, lava, lava tudo”, em marchinha com o mesmo nome e ainda complementam o raciocínio no que poderia ser uma direta para o governador Alckmin que mentiu sobre a questão da água na campanha eleitoral. Eles dizem que “a água só não lava a língua dessa gente”.
A Fonte Secou (Monsueto Menezes, Tufic Lauar e Marcelo)
Autores como Caetano Veloso, Chico Buarque também fizeram as suas marchinhas. Uma do compositor baiano celebra a chuva, mais desejada do que nunca em Chuva, Suor e Cerveja onde canta: “A chuva tá caindo e quando a chuva começa, eu acabo de perder a cabeça. A gente se olha, se beija se molha de chuva, suor e cerveja”. Chico pede para “deixar o barco correr” em Noite dos Mascarados, o que seria muito difícil em São Paulo. Parece profecia a bela A Fonte Secou de Monsueto Menezes, Tufic Lauar e Marcelo: “Eu não sou água pra me tratares assim, só na hora da sede é que procuras por mim. A fonte secou”, literalmente.
Por essas e por outras é que veio à mente uma paródia de uma cantiga folclórica infantil: A Cantareira secou e por deixar ela secar, foi por causa do Alckmin que não soube governar (desculpem a pobreza do trocadilho, mas pobreza de verdade é não ter água em casa).
Por Marcos Aurélio Ruy – Portal CTB
Clipes extras:
Cachaça Não É Água (Mirabeau Pinheiro, Lúcio de Castro e Heber Lobato)
Saca-Rolha (Zé da Zilda, Zilda do Zé e Waldir Machado)