Superávit Primário (SP) é o saldo entre receitas e gastos do governo antes de pagar as despesas financeiras, que são as parcelas da dívida do governo com os bancos. Ou seja, o SP é a economia que o governo faz para pagar banqueiros. Os bancos são diretamente interessados em que o SP seja o maior possível. Como aumentá-lo? Aumentando impostos e reduzindo gastos em saúde, educação, infraestrutura. Em resumo, um SP maior penaliza a sociedade com mais tributos e com corte de gastos que emperram a economia com menos investimentos na indústria, comércio, serviços e agricultura, lhes retira competitividade, desemprega, piora as aposentadorias, reduz programas educacionais, de saúde, ambientais, tecnológicos.
O que foi aprovado recentemente no Congresso foi o contrário, uma redução do SP, que teve grande repercussão. O setor financeiro, apesar de representar menos de 0,1% da população, tem muita influência, inclusive na mídia, e conseguiu gerar repercussão do episódio, dando-lhe ares de irresponsabilidade e manobra fiscal.
Ocorre que a arrecadação caiu devido ao PIB crescer menos e às isenções para as empresas produtivas, ou seja, foi consequência do esforço do governo para enfrentar a fraqueza da economia e garantir o emprego.
Quando uma empresa gasta com algo qualquer, isto é abatido do Ativo, mas quando ela adquire uma máquina ou equipamento, o valor sai de Caixa e vai ao Ativo Permanente, porque é investimento e será fonte de novas receitas.
O País precisa de investimentos, nisso há consenso. Nada mais justo que excluir os investimentos do SP e ajustá-lo à nova realidade. A sociedade não pode esperar; só quem tem folga são os especuladores, que contam com R$ 3 trilhões em títulos públicos sendo pagos ano a ano com o suor do trabalho do Brasil. Maquiagem é manter incógnito esse que é o maior ralo do País e reclamar quando se tenta contê-lo. O desenvolvimento econômico do Brasil passa necessariamente pela mudança desta realidade.
Guiomar Vidor é presidente da CTB-RS e da Fecosul (Federação dos Trabalhadores em Comércio do RS)
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