Nesta quinta-feira (27), a diretoria da CTB-RS realizou a última reunião do ano, no auditório da Fecosul. O vice-presidente da CTB, Nivaldo Santana, veio de São Paulo para participar do encontro e na mesa de abertura expôs um panorama da conjuntura política nacional com principais desafios que devem ser encarados pelo movimento sindical.
“A reeleição da Dilma consagrando a quarta vitória do povo nesse ciclo progressista que estamos vivendo foi extraordinário. Houve uma disputa política radicalizada envolvendo dois grandes projetos antagônicos no nosso país. Usando uma metáfora futebolística, seria dizer que a vitória da Dilma equivale a ganhar uma Libertadores contra o Boca Juniors no estádio da La Bombonera. Enfrenta-se tudo e todos, conseguindo a vitória”, afirmou.
Nivaldo lembrou também o panorama midiático durante as eleições. “Existe uma revista famosa no mundo inteiro chamada The Economist, que é porta-voz da elite financeira mundial, que fez uma editorial dizendo que para o Brasil retomar o crescimento da economia era fundamental a vitória do Aécio Neves. Os grandes meios de comunicação fizeram de tudo para que a Dilma fosse derrotada, o caso mais escandaloso foi o da revista Veja. Diante dessas dificuldades, conseguimos essa vitória extraordinária”.
O vice-presidente abordou também a cisão do movimento sindical. “Importante termos essa percepção de que a vitória se deu em um ambiente diferente para nós que atuamos no movimento sindical. Vocês lembram que na primeira vitória da Dilma, em 2010, realizamos a Conferência da Classe Trabalhadora, no Pacaembu, aprovamos um programa que tinha como centro a luta pelo desenvolvimento com valorização do trabalho e havia, praticamente, um consenso sobre a candidatura da Dilma. Mas nas eleições deste ano, houve uma diversidade de opiniões e posições. A própria CTB adotou uma postura de neutralidade para que seus dirigentes e ativistas se posicionassem, porque tinha quem apoiava a Dilma e quem preferia o Eduardo Campos e depois abraçou a candidatura da Marina Silva. Houve central que apoiou inclusive o PSDB. Isto mostra que foi uma disputa difícil”, explicou.
O cenário após as eleições também foi comentado. “Podemos dizer que estamos vivendo um terceiro turno eleitoral, em que algumas forças políticas não se conformaram com o resultado das eleições e estão colocando as garras de fora. Hoje, estamos assistindo, inclusive, manifestações pedindo impeachment da Dilma. As viúvas da Ditadura já estão pedindo a volta dos militares. Para que se tenha ideia, em São Paulo, houve uma passeata na avenida Paulista, em que parte do grupo se dividiu e seguiu para o quartel general para pedir que os militares voltem ao poder. Claro que é uma minoria radical, mas isso é um exemplo do aguçamento do acirramento da luta política do nosso país, então essa compreensão é fundamental.
Outra compreensão importante é que, hoje, a oposição está mais forte e aumentou a base social. A oposição adquiriu um tom mais agressivo, principalmente, nas chamadas classes médias urbanas, e impediu o debate. Em muitos lugares, o eleitorado da Dilma foi impedido de falar. Isso significa que vamos enfrentar um período de acirramento da luta política e a oposição está mais forte, o que mostra que vamos enfrentar um período difícil na vida política do Brasil. Temos uma importante tarefa atualmente que é garantir estabilidade e a governabilidade no país”, defendeu.
Nivaldo afirmou que precisamos lutar por mudanças importantes no Brasil, como a reforma política, mas tendo ciência de que o parlamento atual é extremamente conservador. “Nossas bandeiras devem seguir erguidas, mas vamos enfrentar um período de radicalização política. Precisamos assim combinar o crescimento econômico com a agenda dos trabalhadores, isto associado com a luta contra o golpismo, garantindo assim a estabilidade e a governabilidade. Esse é quadro político que estamos enfrentando e deve ser o norte da luta do movimento sindical. Para isso, vamos ter que nos empenhar para unir o sindicalismo no Brasil que está disperso”, finalizou.
O presidente da CTB-RS, Guiomar Vidor, também abordou o cenário político e econômico do país. “O Brasil é a sétima economia do mundo e está no G20, sendo hoje um articulador político. Antes o nosso comércio era 27% dos americanos, atualmente, não chega a 15%. Concordo com Nivaldo de que essa foi uma vitória histórica diante do quadro econômico e político. A luta de fato é complexa num cenário mundial em que se está retirando avanços. As economias da Europa estão reduzindo salários e aposentadorias. Dificilmente se não fizermos a nossa parte vamos conseguir cumprir com nossos objetivos. O papel fundamental que precisamos cumprir é garantir a democracia contra o golpismo”.
A secretária da Saúde da CTB-RS e presidente do Sindicato dos Farmacêuticos do Estado (Sindifars), Debora Melecchi, defendeu que antes de uma reforma política a redemocratização da mídia, talvez, seja mais urgente. “Aproveito a oportunidade para agradecer toda a diretoria da CTB pelo apoio que sempre nos é dado nas manifestações dos farmacêuticos e ligadas à saúde. Também agradeço o Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias do Sul, na pessoa aqui da Eremi Melo, por ceder o carro de som na mobilização contra a MP 653”, saudou.
O vice-presidente da CTB-RS, Sergio de Miranda, lembrou que os últimos anos foram de importantes avanços nas políticas para agricultura familiar, contudo a pauta dos trabalhadores continua parada. “Precisamos garantir a governabilidade, sabendo que haverão forças contrárias as nossas ideias dentro do governo”, alertou.
Após o almoço, foi apresentada uma homenagem ao jornalista da CTB-RS, Emanuel Mattos, morto em julho deste ano, como forma de reconhecer seu importante trabalho na Central e agradecer o carinho como amigo e colega. A secretária nacional de Saúde da CTB, Elgiane Lago, acompanhou todo o encontro. Em seguida, as pastas da Mulher, Finanças e Comunicação fizeram apresentações sobre as principais atividades desenvolvidas neste ano e prestaram contas. A reunião foi finalizada com a apresentação da agenda para 2015 e um coquetel de confraternização.
Por Aline Vargas – Imprensa da CTB-RS