Ainda que nós negras e negros tenhamos obtido vitórias significativas nos últimos 12 anos, que foi o enfrentamento de questões como a educação (cotas/Enem), a saúde (Mais Médicos/Saúde da População Negra), habitação (Minha Casa, Minha Vida), pautas históricas nas reivindicações de reparações para a população negra. O que nos remete à importância de um governo democrático e popular, bem como da importância de termos reeleito a presidenta Dilma Rousseff, conquistando a quarta vitória consecutiva do povo brasileiro. O que mais que evidenciou o conceito da luta de classes e transpareceu questões fundamentais para a melhoria de vida de todos como o combate ao racismo, à discriminação, à homofobia e às intolerâncias correlatas.
No ano em que vai se completar 320 anos de imortalidade de Zumbi, entendendo a disposição de luta pela liberdade desse guerreiro, e a nossa disposição de luta ainda pela liberdade, dignidade humana e igualdade, precisaremos nos organizar como verdadeiros quilombolas. É dentro deste cenário que precisaremos analisar e aprofundar as questões que assolam o povo negro dentro de outra perspectiva. Com o resultado eleitoral e o recado que as urnas nos enviou com a eleição de um Congresso Nacional extremamente conservador, o que promete intensas lutas no próximo ano, ainda mais com o avanço das forças da reação, nossos inimigos históricos.
A vitória da presidenta Dilma nos representa e também o anseio de continuarmos a luta pelos avanços de conquistas que nesta conjuntura passa pelas reformas estruturais às quais acreditamos e defendemos como a reforma política com ênfase no fim do financiamento empresarial de campanhas eleitorais, mas também pela maior participação de negras e negros na vida política do país. Pela regulação democrática dos meios de comunicação, onde negras e negros poderão ter maior visibilidade e participação, de forma valorosa e representativa. Pela reforma urbana, possibilitando um viés mais humano através de moradias de qualidade e mobilidade urbana, assim como a reforma agrária e o Plano Nacional de Educação.
Para além das reformas estruturais, precisamos estar juntos contra a redução da maioridade penal, contra o genocídio da polução jovem negra, contra o resquício de ditadura que é representado pelo auto de resistência, confirmando o racismo institucional, nos levando a um índice descomunal de violência, onde em um “país que não tem pena de morte”, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, policiais matam uma média de seis pessoas por dia, 11.197 nos últimos 5 anos, nos remetendo á uma comparação triste com os EUA, onde a pena de morte é certa, bem como a prisão perpétua e o racismo não é velado. Ainda assim, superamos esse Estado, que matou 11.090, nos últimos 30 anos. Por isso precisamos estar mobilizados, somando esforços pela aprovação do projeto de lei (PL) 4471/12, que extingue os autos de resistência.
A pauta trabalhista vai estar em evidência nestes próximos dias e a nossa luta permanece pela redução de Jornada, de 44 para 40 horas semanais, Pelo salário igual ao trabalho de igual valor, Contra o PL 4330/04, pelo fim do fator previdenciário, e tantos outros malefícios proposto contra a classe trabalhadora. Por estes projetos, por nós estabelecidos estaremos juntos com a presidenta Dilma para o Brasil avançar em direção à soberania e o desenvolvimento, contra o facismo e por mais democracia e igualdade de condição e de oportunidade!
Mônica Custódio é secretária de Promoção da Igualdade Racial da CTB.