Mesmo com a pressão do patronato, que conseguiu um interdito proibitório na Justiça, a greve dos Comerciários de Salvador deve ganhar mais força nos próximos dias. Depois de fechar as lojas da Avenida Sete de Setembro, no Centro, e promover manifestações em diversas partes da cidade, o sindicato da categoria promete fechar também os principais shoppings centers a partir da próxima semana.
A paralisação das atividades é uma forma dos comerciários pressionar os lojistas a negociar a pauta de reivindicações, que inclui reajuste salarial de 13%, aumento nos valores pagos pelo trabalho aos domingos e feriados. Os trabalhadores exigem também a manutenção do tíquete alimentação, um direito conquistado no ano passado, mas que os patrões querem retirar.
“Os comerciários têm direito ao auxílio alimentação, da mesma forma que os outros trabalhadores. Este é um direito básico da categoria que os lojistas precisam respeitar. Não vamos aceitar nenhum retrocesso neste assunto. A categoria merece respeito”, afirmou Jaelson Dourado, presidente do Sindicato dos Comerciários de Salvador.
O Sindicato já informou também que não abre mão também do pagamento do reajuste retroativo a março, data base da categoria. “Desde março que nós apresentamos a nossa pauta de reivindicações aos lojistas, mas eles se recursam a negociar. Já pedimos, inclusive, auxílio ao Ministério Público do Trabalho para intermediar a negociação, mas o sindicato patronal não compareceu às cinco reuniões agendadas. Ou seja, o acordo não foi assinado por culpa deles e agora querem deixar o trabalhador no prejuízo e não pagar o retroativo. Não vamos aceitar esta manobra”, acrescenta.
Cansados da enrolação, o Sindicato entrou com um pedido de dissídio coletivo na Justiça do Trabalho, buscando uma solução para a questão. O departamento Jurídico da entidade vai recorrer ainda da decisão liminar da juíza da 5ª Vara da Justiça do Trabalho, Cínthia Aguiar, que proíbe o Sindicato dos Comerciários de realizar manifestações dentro e fora de estabelecimentos de comércio. “É mais um abuso. Ninguém pode proibir os trabalhadores de lutar pelos seus direitos”, disse Jaelson Dourado.
Mas, a Justiça também garantiu uma importante vitória para os comerciários, concedendo uma liminar que condiciona a abertura do comércio nos domingos e feriados à assinatura de acordo entre os lojistas e o sindicato da categoria. Sem acordo, o comércio deve ficar fechado no próximo sábado, 15 de novembro, feriado da Proclamação da República. Estão incluídos no Mandado todos os shoppings centers e lojas de bairro da cidade, com previsão de multa no valor de R$ 50mil, por loja, no caso de descumprimento.
Fonte: Sindicato dos Comerciários de Salvador