Com 96,8% dos votos apurados, 80,72% dos cidadãos que participaram da consulta pela soberania da Catalunha apoiaram a independência da região da Espanha. O governo catalão informou nesta segunda-feira (10) que 2.236.806 eleitores participaram do processo, considerado ilegal pelo Tribunal Constitucional espanhol.
Antes da votação, o ministro da Justiça da Espanha, Rafael Catala, havia dito que a consulta era “inútil”. “O governo de Madri considera que o pleito foi uma ferramenta de propaganda política organizado por forças pró-independência e não possui nenhum tipo de validade democrática”, disse ele em comunicado. Já o líder do Executivo catalão, Artur Mas, afirmou que a consulta foi um “grande sucesso” que deverá abrir caminho para um plebiscito formal. “Ganhamos o direito a um plebiscito”, disse Mas a partidários. “Mais uma vez a Catalunha mostrou que quer governar a si própria. Peço ao mundo, peço à imprensa e peço também aos governos democráticos do globo que ajudem o povo catalão a decidir seu futuro político.”
A apuração, que teve início na noite do domingo (09/11), continuou durante toda a madrugada, mas os resultados definitivos só serão conhecidos quando forem contabilizados os sufrágios dos catalães que votaram no exterior. Cerca de 40.930 pessoas — incluídos funcionários e docentes — se encarregaram de organizar a votação, presidir as mesas eleitorais e ajudar na apuração. As pessoas que participaram do processo — conhecido como “9N”, por ter sido realizado em 9 de novembro — podiam responder a uma dupla pergunta: “Quer que a Catalunha seja um Estado?” e, em caso afirmativo, “Quer que seja um Estado independente?”.
Com o 96,8% dos votos contabilizados, 1.806.336 pessoas apoiaram a independência, o que representa 80,72% do total de participantes, enquanto o número de pessoas que apoiaram que a Catalunha seja um Estado, mas não independente, foi de 225.659 indivíduos, o que representa até o momento 10,09%. O número de pessoas contra a Catalunha se transformar em um Estado foi de 101.601 e representam 4,54% dos participantes, segundo dados do governo regional. E o número de pessoas que marcaram o “sim” na primeira pergunta, a favor da Catalunha ser um Estado, mas deixaram em branco a segunda, foi de 21.787, ou seja, 0,97% do total. Já o número de votos em branco para as duas perguntas chegou a 12.538, ou 0,56% do total.
Validade do processo
O governo espanhol não deu validade aos dados fornecidos pelo Executivo catalão, ao considerar que o processo não contou com mecanismos de controle. Além disso, a Justiça espanhola tinha suspendido a votação e declarou ilegal a convocação do governo catalão, pois a consulta foi considerada um plebiscito de autodeterminação, algo proibido pela legislação vigente.
O governo espanhol declarou que não reconhecerá um plebiscito na Catalunha, classificando-o como ilegal, apesar da pressão dos 7, 5 milhões de habitantes catalães, que detêm 20% da riqueza do país.
O grupo Assembleia Nacional Catalã recolheu assinaturas nos locais de votação para uma petição que deverá ser enviada à ONU (Organização das Nações Unidas) e à Comissão Europeia para tentar convencer a Espanha a permitir a realização de um plebiscito oficial.
Fonte: Opera Mundi