O Sintaema realizou hoje, na cidade de São Paulo, uma plenária com representantes de centrais sindicais e movimentos sociais para debater a crise hídrica. Presentes estavam membros da CTB, da CUT, da Consulta Popular, do MST, da CST e de outras entidades.
O presidente do sindicato, Rene Vicente, foi o primeiro a discutir a situação de calamidade em que se encontram os reservatórios de água do estado. “Não há uma solução de curto prazo para o que está acontecendo, mas não podemos acreditar que a culpa é da falta de chuvas”, disse. “Esse governo sabe dos problemas crônicos enfrentados pela Sabesp e não tomou as providências. É sabido que mais de 25% da água que nós produzimos é perdido por vazamentos e fraudes. É sabido que as empreiteiras que são contratadas não realizam os reparos com competência”, acusou o dirigente, e brincou: “Já pensou no que aconteceria se a Comgás deixasse escapar 25% do gás na cidade? São Paulo iria explodir!”.
Vicente apontou a origem dessas omissões como sendo a postura voltada ao lucro que a Sabesp adotou depois de 2003, quando o Governo do estado abriu o capital da empresa para a iniciativa privada. Desde então, as ações da empresa subiram 610%, numa lógica que tornou a lucratividade imediata (em oposição a projetos de investimento em longo prazo) como o foco das gestões mais recentes. Vicente ligou essa realidade à falta de investimento em redes de encanamento mais eficientes e ao interesse que a empresa tem em estimular o consumo de água.
Também presente na mesa da plenária estava Onofre Golçalves, dirigente da CTB, que deu enfoque na omissão do governo Alckmin diante dos protestos do corpo técnico da Sabesp. Em outubro de 2013, o conjunto de empregados da empresa emitiu um parecer técnico alarmado, denunciando a crise que atingiria o estado. Falou também sobre os riscos não discutidos em consumir as águas dos volumes mortos. “Há uma concentração enorme de metais nessa água, teremos graves problemas de saúde pela frente”, disse. Para concluir, sublinhou a importância primordial de ampliar o debate da questão hídrica para o conjunto da sociedade, fora dos círculos sindicais.
Conclusões da plenária
Os pontos consensuais da mesa gravitaram em torno da seriedade e da duração do problema. “Por conta de um processo eleitoral, o Governo do estado vem escondendo o que sabe da população. Precisamos informar o que esta acontecendo”, conclamou Rene Vicente.
Para além do consumo imediato da água, outro ponto central da discussão foi o desemprego que virá da falta de água nos setores industriais e de serviços. A cidade já teria perdido 3.000 postos de trabalho por conta da crise hídrica, mesmo antes de se iniciarem quaisquer racionamentos oficiais. A reinvicidação imediata de Plano de Contingência firme, a ser estabelecido pelo Governo estadual, se faz urgente.
Ao final, concluiu-se que o foco deve ser o diálogo com governo federal, estadual, municipal e sociedade civil. De imediato, estabeleceu-se que os veículos de comunicação ligados aos movimentos sindicais e sociais que desejarem participar da cobertura jornalística podem fazê-lo por meio do portal jornalístico A Conta Da Água, a ser disponibilizado em breve.
Renato Bazan – Portal CTB