O nível nos reservatórios do Sistema Cantareira segue em queda e atingiu hoje (25) 7,4% de sua capacidade de armazenamento, segundo a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). Há um ano, o volume armazenado era 41,6%, e hoje é o menor índice da história. O nível do sistema tem diminuído em média 0,16% por dia.
Hoje, o Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), em parceria com o coletivo Periferia Ativa, realiza, neste momento, uma manifestação no Largo da Batata, zona oeste da capital. Os manifestantes pretendem, com o ato, denunciar o descaso do governador Geraldo Alckmin (PSDB) que ainda insiste em dizer que não há racionamento. Diversos bairros da capital e região metropolitana, principalmente regiões periféricas, já convivem diariamente com cortes no abastecimento. As principais reivindicações são contra os cortes de água, por mais investimentos em captação e contra os interesses privados na administração da água.
As obras feitas para se utilizar a segunda cota do volume morto, já estão em andamento, mas o volume só será utilizado se houver necessidade. A qualidade da água já foi questionada pelo Ministério Público, que teme que possa ter resíduos nocivos à saúde, como metais pesados. O governo continua negando e diz que já realizou todos os testes necessários. “O volume não é morto, água é vida. Ele só não era utilizado”, disse o governador Geraldo Alckmin. Ele prefe chamar o volume morto de “reserva técnica” e reiterou que “a reserva técnica é água igual às outras”.
A Agência Nacional de Águas (ANA) informou que ainda não recebeu o Plano Operacional dos Reservatórios, que deveria ser entregue pela Sabesp. O estudo é exigido para que a companhia seja autorizada a utilizar a segunda cota da reserva técnica do Cantareira, o chamado volume morto, que introduziria 106 bilhões de litros de água ao sistema. A Sabesp tem até sábado (27) para enviar o documento.
O presidente da ANA (Agência Nacional de Águas), Vicente Andreu, subiu o tom nas críticas à gestão da crise do Sistema Cantareira pelo governo de São Paulo. Segundo Andreu, o governo Alckmin não aponta a gravidade da situação concretamente para a população: “apesar de termos insistido muito, um plano de contingências por parte da empresa de saneamento de São Paulo que possibilite dialogar com a população sobre quais são as consequências de eventuais cenários”. Disse em e-mail divulgado pela imprensa.
O Cantareira fornece água para 9 milhões de pessoas na Grande São Paulo e para as bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, sofre a maior falta de chuva de sua história. Em maio desse ano, teve início o uso do volume morto, que acrescentou 182,5 bilhões de litros de água, o equivalente a 18,5%, do volume total.