Os principais bancos privados (Bradesco, Itaú e Santander) estão assanhados, investindo e apostando alto na candidatura de Marina Silva para presidir o Brasil. Isto porque o programa da candidata do PSB, que se diz da “nova política”, traz claramente uma antiga proposta de terceirização irrestrita para as empresas, além de prever independência ao Banco Central e a redução do papel dos bancos públicos (Banco do Brasil, Caixa e BNB) na economia.
Com a terceirização,como Marina e os bancos querem, os bancários poderão ser demitidos e recontratados por uma empresa terceirizada para realizarem a mesma atividade, porém recebendo menores salários e sem direitos a benefícios constante na CLT e na Convenção Coletiva da categoria. O bancário de hoje será o terceirizado de amanhã.
Segundo o advogado Maximiliano Nagl Garcez, isso representa uma grande ameaça para a classe trabalhadora. “Permitir que uma empresa terceirize qualquer setor, até mesmo suas atividades essenciais, é permitir que ela funcione sem nenhum empregado direto. Vamos tomar como exemplo o Itaú, um dos bancos que mais responde na Justiça por terceirização. Imagine se o Itaú resolve terceirizar seu setor de caixas, tesouraria, call center e outros setores, o que seria da categoria bancária? Acabaria”, disse. Lembrando que “não é à toa que a coordenadora da campanha de Marina, Neca Setúbal, é uma das donas do Itaú”.
A autonomia do Banco Central trará enormes prejuízos para a sociedade. Se o projeto de Marina e dos bancos vingar, a taxa de juros e os rumos da economia serão traçados por técnicos financeiros, ou seja, o próprio mercado. E não mais o governo como é atualmente. A proposta de redução do papel dos bancos públicos na oferta de crédito está contida no programa da candidata. Isto significa enfraquecimento do Banco do Brasil, da Caixa Econômica e do Banco do Nordeste. Esta medida pode implicar futuramente numa proposição do próprio governo Marina em privatizar estas instituições.
Numa realidade como a que está propondo o programa da candidata, os clientes que já não gozam de um atendimento de qualidade nos dias atuais sofrerão ainda mais com a terceirização. Imagine só: os bancários recontratados como terceirizados, com o rótulo de subemprego nas costas, sendo mal remunerados, sem direitos sociais, enfrentando péssimas condições de trabalho, aumento da rotatividade e com carga horária estendida, não se sentirão motivados a prestar um atendimento de qualidade. Será o caos.
No caso da independência do Banco Central e da redução do papel dos bancos públicos, toda a sociedade vai pagar muito caro por isso.
Portanto, bancário, bancária e cliente, não faça de seu voto um tiro contra o próprio pé. Conheça as propostas de seus candidatos e vote com consciência!
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Ricardo Carvalho é funcionário do Itaú e diretor da Federação dos Bancários da Bahia e Sergipe
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