Professores grevistas de Santa Luzia do Tide, no Maranhão, estão sobrevivendo à custa de cestas básicas doadas por comerciantes e igrejas desde que o prefeito Veronildo Tavares dos Santos ordenou a suspensão dos pagamentos de junho. Ele conseguiu liminar que decretou abusiva a greve por tempo indeterminado. Aos 70 dias de atividades paralisadas, a prefeitura ordenou cortar o ponto de mais de 400 professores e professoras.
“São pais e mães de famílias que só não estão passando fome porque os grevistas estão pedindo cestas básicas no comércio e nas igrejas”, informa a presidenta do Sindicato dos Trabalhadores na Educação e nos Demais Serviços Públicos do Município de Santa Luzia (Sintraed), Elbna Ferreira Carvalho.
Os docentes reclamam que a situação da educação pública no município é caótica e que estão recebendo ameaças de exoneração. Eles denunciam que a prefeitura está assinando contratos ilegais que sequer são oficializados para substituir os grevistas por meio de um decreto assinado pelo prefeito.
A sindicalista disse ainda que a secretária de Educação baixou portaria antecipando as férias de dezembro, o que seria uma forma de dispersar o movimento grevista. A presidente do Sintraed explica que a greve alcançou 40% dos 1.225 professores e não 80%, como foi informado ao Tribunal de Justiça pela prefeitura, para justificar a decretação de abusividade da greve.
Omissão
Entre 2013 e maio 2014, o Sintraed enviou ofícios à administração solicitando reuniões e explicações sobre atitudes prejudiciais da prefeitura contra os professores.
Ela cita os salários de dezembro de 2013 e décimo terceiro atrasados; corte de gratificações sem explicação ao servidor; não operacionalização e reformulação do plano de carreira do magistério (promoção por classe); situação precária nos prédios escolares; péssima qualidade da alimentação escolar- quando é oferecida; transporte escolar irregularidade; licença-prêmio negada aos professores, corte do quinquênio e abono salarial não concedido, entre outros.
O Sintraed reclama também que o Tribunal de Justiça do Maranhão já adiou por duas vezes o julgamento do mérito da greve. A presidenta reage indignada. “Enquanto a justiça protela a efetivação de direitos garantidos nas leis, famílias inteiras sofrem as consequências disso e a revolta aumenta, e a administração ignora as leis”, acentua.
Fonte: Sindicato dos Trabalhadores em Educação Básica das Redes Públicas Estadual e Municipais do Maranhão (Sinproesemma)