Mulheres comprometidas com questões de gênero no poder no MA

O 1º Encontro de Mulheres Trabalhadoras do Maranhão aconteceu no sábado (26 de julho), no Grand São Luís Hotel, em São Luís e mostrou que além da competência comprovada em todas as áreas profissionais as mulheres querem e vão encarar as disputas por mais espaços de poder. 

O tema “Mulher e Participação nos Espaços de Poder” foi debatido no Encontro, realizado pela Secretaria da Mulher Trabalhadora do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Estado do Maranhão (SINPROESEMMA) em parceria com a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil do Maranhão (CTB-MA) e União Brasileira de Mulheres (UBM). Cerca de 300 mulheres ficaram à vontade para falar sobre assuntos ainda não superados pelas feministas do século XIX, como a valorização da mulher no trabalho e sua exclusão do poder político, que ainda persiste em todas as esferas do Poder Legislativo e mesmo no movimento sindical.

“Nossa intenção é dar mais visibilidade a esse debate que a sociedade brasileira precisa tratar de forma transparente, que é a presença da mulher nos espaços de poder e também sua valorização como mulher trabalhadora, que enfrenta tripla jornada de trabalho, mas, na maioria das vezes, continua ganhando um salário inferior ao dos homens”, comentou a secretária da Mulher Trabalhadora, Hildinete Rocha, que também integra a CTB-MA.

Participaram como palestrantes Lúcia Helena Rincón – doutora em Educação, coordenadora Nacional da União Brasileira de Mulheres (UBM) e integrante do Conselho Nacional de Mulheres (CNM); Ísis Tavares, secretária de Relações de Gênero da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) e Ivânia Pereira – secretária da Mulher da CTB Nacional.

A presidente do Conselho Municipal da Condição Feminina e coordenadora municipal da Mulher, Laurinda Maria de Carvalho, especialista em políticas para as mulheres, participou como debatedora.

Apesar de representar 57% do eleitorado brasileiro, apenas 9% das mulheres ocupam cadeiras no Congresso Nacional (dados do Tribunal Superior Eleitoral – TSE), o que deixa o Brasil na posição longínqua de 156º lugar entre 188 países no número de representantes femininas no Poder Legislativo.

O debate é proposital num ano de eleição e quer desafiar as mulheres a deixar a comodidade do papel de coadjuvante e lutar unidas para ser protagonistas e conquistar mais espaços de poder.

“A mulher sempre esteve preparada para ser protagonista, mas a história deu invisibilidade a seu papel. A grande questão é que a mulher passou a ser, histórica e ideologicamente considerada de segunda categoria, No trabalho, ainda são os homens que ocupam os altos cargos e têm os maiores salários; na maioria das vezes, as mulheres ocupam os cargos intermediários”, avalia Ísis Tavares.

Se, por um lado, a lei estabelece um percentual mínimo de 30% de candidatas por partido nas eleições, o fundo partidário para a formação política das mulheres é de apenas 5%.

No meio sindical, disseram as palestrantes, o machismo dita as normas: “poucos sindicatos investem na questão de gênero”, diz ela.
Fora ter de lutar para não continuar ocupando cargos de menos visibilidade e menores salários, a mulher tem de enfrentar a “inveja política”, diz Ísis, nos partidos e demais espaços de poder, onde tem ainda luta para ser ouvida.

Essa luta, segundo Lúcia Rincón, exige até mesmo que a mulher levante a voz e passe a falar mais alto para se fazer ouvir quer seja na luta cotidiana, no trabalho, nos movimentos ou nos embates dentro do partido político, ambientes ainda marcados pelo tom patriarcal das relações entre homens e mulheres.

Leonildes Chaves, candidata a deputada federal, comentou que enfrenta discriminação, mas diz que foi preparada pela luta sindical.

Somos a maioria

Com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD), que apontam as mulheres como 43% da população economicamente ativa, Ivânia Pereira provoca: “Não somos nem podemos aceitar sermos tratadas e chamadas de minoria”.

Ísis Tavares lembrou que as mulheres são 52% da população brasileira e estimulou esse grande contingente deve evitar que os grandes grupos empresariais continuem ditando as regras do Legislativo.

“Não podemos desistir de lutar. A nossa luta não é individualista. Melhoramos porque perseveramos na luta. Somos extremamente importantes na história. Somos nós que vamos fazer esse país continuar avançando”, incentivou Ísis.

Para Ivânia Pereira, a mulher precisa ter autoconfiança: “as pessoas precisam conhecer o potencial das mulheres”.

Em sua fala, Laurinda de Carvalho sugeriu que as mulheres trabalhadoras e os núcleos regionais do SINPROESEMMA promovam debates incentivando as mulheres a eleger parlamentares comprometidos com as questões sociais e de gênero. “É preciso qualificar o voto. Colocar na balança a história de vida do candidato. É preciso que estejam comprometidos com a causa”, disse.

A palavra de ordem é não desistir

Um alerta da vereadora Edna à mulher trabalhadora: “chega de mendigar a representação de candidatos sem compromissos com as nossas bandeiras!”.

A presidente do SINPROESEMMA, Benedita Costa, salientou a importância do Encontro para aprimorar conhecimentos, esclarecer dúvidas sobre a situação da mulher na política sindical e partidária. E disse que a mudança que as mulheres precisam começa com seu maior envolvimento como protagonista. “Não é suficiente assistir, conhecer apenas; é fundamental nos dispormos a essa luta”.

Emocionada, a secretária da Mulher Trabalhadora, Hildinete Rocha, classificou o 1º Encontro de Mulheres Trabalhadoras como vitorioso para todas as mulheres e também para os homens que dele participaram.

“A palavra de ordem é não desistir e eleger plataformas comprometidas com o bem do povo. Não estamos do jeito que queremos, mas estamos no caminho da mudança”, disse.

E deixou um recado que o Brasil dá ao Maranhão nesta eleição de 2014:

“A queda da oligarquia é uma expectativa nacional. Precisamos de pessoas comprometidas com essa luta”.

Ao final do Encontro foi lançado o vídeo da campanha “Violência contra as Mulheres – Eu Ligo 180”, criado pela Secretaria de Políticas para as Mulheres, que emocionou a todas e todos os presentes.

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Fonte: SINPROESEMMA

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