É sempre uma felicidade ter a oportunidade de enaltecer grandes autores da cultura popular ainda em vida. Principalmente quando esses autores são esquecidos pela mídia comercial. Nelson Sargento faz parte desse time ao lado de Carlos Cachaça, Cartola, Nelson Cavaquinho, Jamelão, e muitos outros.
É o caso de Nelson Mattos que ganhou a alcunha de Sargento após ter atingido essa patente ao servir o Exército. Nascia Nelson Sargento que nesta sexta-feira completou 90 anos de samba, poesia e arte, como uma das grandes expressões do morro do Rio de Janeiro.
Integrante da ala dos compositores da escola de samba Mangueira ele compôs diversos sambas-enredo da Mangueira como “Cântico à Natureza” (1955), em parceira com Jamelão e Alfredo Português. Integrou o conjunto A Voz do Morro, nos anos 1950/60 e com ele gravou o LP “Roda de Samba 2”.
Sua mãe era empregada doméstica e teve grande influência na vida e na obra do sambista. Na voz de Beth Carvalho o primeiro grande sucesso de Nelson Sargento, “Agoniza mas não morre”, marca a sua carreira de mais de 60 anos, transformando-se em hino de resistência da expressão popular e do samba feito nos morros cariocas.
Sucesso na voz de diversos intérpretes com os sambas “Idioma esquisito”, “Falso amor sincero”, “Vai dizer a ela” (com Carlos Marreta), “Nas asas da canção” (com Dona Ivone Lara). Foi tema do documentário “Nelson Sargento”, de Estêvão Pantoja, da década de 1990.
Além de músico, escreveu os livros “Prisioneiro do Mundo” e “Um certo Geraldo Pereira”. Também atuou em dois filmes: “O Primeiro Dia”, de Walter Salles e Daniela Thomas e “Orfeu do Carnaval” de Cacá Diegues. Também tornou-se pintor, atividade que desenvolveu graças ao conhecimento obtido na profissão de pintor de paredes.
Render homenagem a Nelson Sargento é destacar a importância da cultura como o espelho da alma de um povo e de uma nação. Nelson Sargento é um talento autêntico da música popular brasileira, que talvez seja a mais rica do planeta.
Marcos Aurélio Ruy – Portal CTB
Canções de Nelson Sargento:
“Agoniza mas não morre” (com Jamelão e Alfredo Português)
“Idioma esquisito”
“Falso amor sincero”