Como sonora derrota à ditadura chilena que findou em 1990, no sábado (12), muitos chilenos comemoraram aniversário de seu maior poeta. Pablo Neruda completaria 110 anos e os trabalhadores do Chile festejam a data como símbolo de resistência política e cultural, celebrando a sua maior voz constantemente em defesa das lutas da classe trabalhadora e da unidade latino-americana sempre contra a opressão imperialista.
A sua morte está sendo investigada pela justiça chilena, porque há fortes suspeitas de que o poeta comunista foi assassinado pelos comandados de Augusto Pinochet, poucos dias após a deposição do presidente socialista Salvador Allende, eleito pelo voto popular em 1970 com apoio de Neruda.
Em 1971 a academia sueca lhe concedeu Nobel de Literatura “por sua obra poética, que, com o efeito de uma força natural, vitaliza o destino e os sonhos de um continente. Espécie de guerreiro que protesta contra a injustiça”. Em sua autobiografia, “Confesso que vivi” (terminada pouco antes de sua morte e publicada postumamente em 1974), ele conta que despertou para o mundo dos livros e isso lhe deu simultânea vontade de escrever. Sobre a adoção do pseudônimo, o poeta explicou em usa autobiografia que “quando eu tinha catorze anos de idade, meu pai perseguia denodadamente minha atividade literária. Não concordava em ter um filho poeta. Para encobrir a publicação de meus primeiros versos busquei um sobrenome que o despistasse totalmente”.
Felizmente para todos, o escritor não cedeu à falta de sensibilidade paterna e se transformou num dos grandes nomes da literatura mundial. Com sua arte, Pablo Neruda pretendia, de acordo com suas próprias palavras, “dar ao homem o que é do homem, sonho, amor, luz e noite, razão e paixão”.
Como no trecho da poesia “O teu riso” abaixo:
“A minha luta é dura e regresso
com os olhos cansados
às vezes por ver
que a terra não muda,
mas ao entrar teu riso
sobe ao céu a procurar-me
e abre-me todas
as portas da vida.”
“Nunca pensei, quando escrevi meus primeiros livros solitários, que com o passar dos anos me encontraria em praças, ruas, fábricas, salas de aula, teatros e jardins, dizendo meus versos. Percorri praticamente todos os rincões do Chile, derramando minha poesia entre a gente de meu povo”, diz o autor orgulhoso novamente na autobiografia “Confesso que vivi”.
A vida e obra do poeta são um claro exemplo de que vale apena viver e lutar como qualquer mortal do planeta que acredita num mundo igual para todos. Os sonhos de Pablo Neruda de um mundo mais igual e justo são nossos também. A obra de Pablo Neruda é um bom exemplo da força da cultura e da palavra vencendo a força bruta. A obra que reflete sobre a vida, o mundo e a humanidade permanece para a eternidade.
Algumas obras de Pablo Neruda:
“A canção da festa” (1921)
“Crepusculário” (1923)
“Vinte poemas de amor e uma canção desesperada” (1924)
“Tentativa do homem infinito” (1925), “Residência na terra” [vol. I, 1931; vol.II, 1935; vol.III,1939, que inclui “Espanha no coração” (1936-1937)
“Ode a Stalingrado” (1942)
“Terceira residência” (1947)
“Canto geral” (1950)
“Odes elementares” (1954)
“Navegações e retornos” (1959)
“Canção de gesta” (1960)
Ensaios: “Memorial da ilha negra” (1964) e a peça teatral “Esplendor e morte de Joaquín Murieta” (1967)
Marcos Aurélio Ruy – Portal CTB