“A mesma postura de não buscar um entendimento coletivo aconteceu no verão quando tivemos problemas com as condições de trabalho comprometidas por causa do calor intenso. O Simecs simplesmente lavou as mão na busca conjunta de uma solução para o problema. Conquistamos avanços negociando empresa por empresa e essa será a nossa proposta para o dissídio deste ano: negociar os avanços nas cláusula sociais e aumento real de salário com cada empresa”, destacou o presidente em exercício do Sindicato, Luis Carlos Ferreira, o Luizão, para os cerca de 700 trabalhadores do turno da manhã da Marcopolo Planalto.
Além disso, Luizão e outros membros da diretoria do Sindicato, discorreram sobre as estratégias da classe patronal para desmobilizar e intimidar a categoria metalúrgica este ano, como a crise forjada para justificar uma proposta vergonhosa de apenas repor a inflação, sem aumento real, e nenhum avanço nas cláusulas sociais.
“A proposta apresentada pelo Simecs é uma ofensa aos trabalhadores metalúrgicos. Agora é o momento de união. Precisamos da unidade para construir o nosso objetivo que é a valorização de quem constrói a riqueza dessa cidade. Unidos somos mais fortes e não existe vitória sem luta”, disse Luizão, ao convocar a presença de todos para realização de uma grande assembleia geral na sexta-feira.
Trabalhadores da Neobus e da Agrale mobilizados
Para encerrar a semana de intensa mobilização pelos direitos dos trabalhadores, na tarde desta sexta-feira, 12, a direção do sindicato esteve na Agrale e na San Marino Neobus para informar os trabalhadores dos turnos da tarde e noite sobre o andamento da Campanha Salarial 2014, os passos dados e esclarecer a crise inventada pelos patrões para desestabilizar a categoria. As assembleias tiveram o intuito de conscientizar os metalúrgicos da importância do dissídio e de que é preciso união. Além disso, a categoria foi convocada para a assembleia geral que será realizada no dia 18 de julho às 10 horas no sindicato para decidir os rumos da campanha.
“Não vamos ceder à chantagem patronal. O dissídio é um momento importante para a categoria. Hora de lutarmos por valorização. Graças à dedicação e ao empenho dos metalúrgicos, as empresas de Caxias vão muito bem. Agrale, Marcopolo e Randon cresceram em 2013, e não poderiam se queixar. A San Marino está ‘bombando’ com os BRTs. Que crise é essa?” questiona o presidente em exercício do sindicato, Luis Carlos Ferreira.
O diretor do sindicato, Antonio Carlos Santos, salientou que a crise quem enfrenta são os trabalhadores e não os patrões. “Nenhuma empresa vai quebrar por dar aumento real e valorizar o trabalhador. O que eles querem é seguir lucrando as nossas custas. Somos mão de obra qualificada, mas barata. Querem nos explorar. A crise é o trabalhador que enfrenta todo dia dentro e fora das fábricas sem valorização e respeito.”
Valorização para os metalúrgicos faz bem à sociedade: é pra frente que se anda!
Na visão do Sindicato, “Valorizar o trabalhador é fortalecer o Brasil”, slogan da campanha deste ano. Este é o caminho. Os patrões, quando fazem coro com aqueles que dizem que o trabalhador ganha demais e que há até muito emprego no Brasil, estão na contramão.
Para o Brasil seguir em frente, com mais desenvolvimento, é preciso valorizar a renda dos trabalhadores. Com mais salário e direitos, os metalúrgicos – que somam cerca de 60 mil – garantem mais bem-estar e qualidade de vida para as suas famílias e movimentam a economia de Caxias e da região. O comércio e os serviços ganham e gera-se mais empregos em outros setores.
Principais reivindicações dos metalúrgicos:
13,5% – O índice é baseado na inflação dos últimos 12 meses e no crescimento registrado pelas empresas.
Piso único de R$ 1.500 – para valorizar o salário médio da categoria e inibir os malefícios da rotatividade.
40 horas semanais sem redução de salários – para gerar mais oportunidades de empregos no setor e dar mais tempo para o lazer, a qualificação profissional e para a família do trabalhador.
Transporte e alimentação subsidiados – As empresas é que devem custear a alimentação e o deslocamentos dos trabalhadores de casa para o trabalho e vice-versa. Quanto custa para o metalúrgico tudo isso? No salário são descontados transporte, alimentação, plano de saúde, taxas bancárias, etc. Temos que refletir sobre o que deixamos para as empresas. Através das cláusulas sociais podemos diminuir esses descontos, ou seja, ganhar mais.
Auxílio-creche para crianças de até 6 anos – Este deve ser um direito da criança, para que pais e mães possam ficar tranquilos com seus filhos bem cuidados enquanto eles trabalham.
Igualdade salarial entre homens e mulheres no caso de mesma função – Trabalho igual, salário igual.
Auxílio-lanche para estudantes – Um grande número de trabalhadores também são estudantes. As empresas devem conceder um lanche para os estudantes ao fim do expediente.
Mensalistas – Os trabalhadores contratados nesse regime trabalham 5 dias por ano de graça para os patrões. A reivindicação é de que todos os trabalhadores mensalistas sejam contratados como horistas.
Intervalos de 15 minutos a cada 2 horas trabalhadas conforme a Norma Regulamentadora 15 – Os metalúrgicos reivindicam intervalos de 10 minutos a cada 2 horas de trabalho. Nesse tempo, o trabalhador poderá descansar, fazer um lanche e ir no banheiro.
Aplicação da NR 12 em todas as fábricas – A Norma Regulamentadora 12 (NR12), hoje assegurada pelo Ministério do Trabalho, estabelece as garantias mínimas de proteção ao trabalhador e normas de segurança para operação de elevadores, guindastes, transportadores industriais e máquinas transportadoras. Esta conquista está ameaçada por setores empresariais que consideram o lucro mais importante que a vida do trabalhador.
Fonte: Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias do Sul e Região
Fotos: Fabíola Spiandorello e Daniela Teixeira