A importância do Encontro anti-imperialista na Bolívia

Sindicalistas de todo o mundo estarão na Bolívia, entre os dias 30 de junho e 2 de julho, para participar de um encontro histórico, convocado pela Federação Sindical Mundial (FSM) e apoiado pelo governo liderado por Evo Morales.

Trata-se do “Encontro Sindical Internacional Anti-Imperialista”, iniciativa que procurará posicionar a classe trabalhadora perante os temas mais relevantes da atualidade, bem como definir uma série de ações conjuntas em defesa da soberania de cada povo.

A América Latina tem sido o maior foco da resistência ao capitalismo em tempos de crise – isto é fato. A baixa ocorrida com a morte de Hugo Chávez, na Venezuela, e a saída de Lula da Presidência do Brasil deram certo alento à direita internacional, que já andava meio cambaleante e de imediato partiu para cima com força total.

Basta recordarmos alguns eventos ocorridos na Nossa América para verificarmos o porquê do levante tão rápido e rasteiro da direita internacional. Contudo, o modelo da politica de aliança progressista construída a partir da liderança de Chávez, do carisma de Lula, da sagacidade de Mujica e da perseverança de Fidel nos deixou um importante legado de resistência e alternativa à política neoliberal.

É preciso refletir sobre essa questão, pois a lógica do sistema tem atuado de forma a desestabilizar justamente o “Novo Continente”. Nesse sentido, a figura do Evo Morales nos parece ideal para darmos prosseguimento ao processo de expansão política, econômica e social que a América Latina tem vivido, para garantir o fortalecimento de um bloco continental que tem dado respostas interessantes ante a derrocada do sistema capitalista atolado em mais uma crise.

A participação do movimento sindical dos trabalhadores e trabalhadoras – e, nesse particular, da corrente ideológica comandada pela FSM nesse evento – é de extrema importância para assegurar o protagonismo da classe trabalhadora, politizada e consciente do seu papel revolucionário e afastar qualquer possibilidade de arrefecimento da luta em prol da soberania dos povos e da autonomia do estado democrático de direito.

Junte-se a isso a força de duas categorias que se destacam justamente na composição desse bloco econômico, político e social representado pelo Mercosul e que tem tido incursões importantes na luta do capital x trabalho, seja na atividade primária (como é o caso da mineração), seja na atividade secundária (como é o caso da metalúrgica). O resgate histórico que tem sido feito passa por essa dinâmica e, portanto, para a UIS Metal e Mineração é uma tarefa estratégica buscar cada vez mais a unidade na luta e a organização da classe trabalhadora no mundo globalizado.             

Se observarmos bem, verificamos que uma das estratégias utilizadas pelos neoliberais é promover cada vez mais o afastamento da massa politizada do âmbito da discussão, tentando confundir a opinião pública no que tange ao rebaixamento da política, como se a questão da representatividade nos espaços de poder constituídos pela democracia burguesa já não sejam mais suficientes para garantir o exercício da cidadania. O papel da FSM nesse sentido é o de ser o polo catalisador de todas as estratégias possíveis e imagináveis, a fim de dar conta dessa transformação positiva do nosso continente e utilizar as experiências exitosas postas pelo movimento operário, bem revigorar essa luta em nível internacional, principalmente no que se refere aos países mais atingidos pela crise.

A FSM participa como referência da sociedade civil no trato das alternativas a serem apresentadas, avaliadas e aprovadas no que se refere a uma agenda antineoliberal capitaneada pelos Estados Unidos.


Francisco Sousa é secretário-geral da União Internacional de Sindicatos da Metalurgia e Mineração (UIS MM) e secretário de Relações Internacionais da FitMetal.

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