A primeira reunião de negociação da campanha salarial 2014 dos metalúrgicos ocorreu na última segunda-feira (09), e foi classificada como frustrante pelos trabalhadores. O motivo: a postura dos patrões que insistem em uma estratégia de arrocho salarial, baseada num discurso de crise que não confiz com os resultados que as emeresas locais têm obtido nos últimos anos.
Para o presidente em exercício do Sindicato, Luiz carlos Ferreira, o Luizão, “o Sindicato dos Metalúrgicos manifestou a disposição para a construção de um acordo, porém, esbarra na postura dos patrões que insistem em artificializar uma situação de crise, que não bate nem com a realidasde atual e nem com as previsões do setor”, salientou.
As empresas vão bem
Graças à dedicação e ao empenho dos metalúrgicos, as empresas de Caxias vão muito bem. Agrale, Marcopolo e Randon cresceram em 2013, e não poderiam se queixar. A Randon, por exemplo, teve crescimento de 21% na sua receita líquida, com um recorde de R$ 4,3 bilhões.
A San Marino está “bombando” com os BRTs. Progás e Vector estão contratando para dar conta da produção. A Randon está investindo R$ 2,5 bilhões em expansão da produção e a Guerra, R$ 20 milhões com ampliação da fábrica. “Quem está em crise não amplia estrutura!”, questiona Luizão.
Na visão do Sindicato, “Valorizar o trabalhador é fortalecer o Brasil”, slogan da campanha deste ano. Este é o caminho. Os patrões, quando fazem coro com aqueles que dizem que o trabalhador ganha demais e que há até muito emprego no Brasil, estão na contramão.
Para o Brasil seguir em frente, com mais desenvolvimento, é preciso valorizar a renda dos trabalhadores. Com mais salário e direitos, os metalúrgicos – que somam cerca de 60 mil – garantem mais bem-estar e qualidade de vida para as suas famílias e movimentam a economia de Caxias e da região. O comércio e os serviços ganham e gera-se mais empregos em outros setores.
A próxima reunião de negociação entre trabalhadores e patrões será no dia 16, às 15h, na FTEC.
Principais reivindicações dos metalúrgicos:
13,5% – O índice é baseado na inflação dos últimos 12 meses e no crescimento registrado pelas empresas.
Piso único de R$ 1.500 – para valorizar o salário médio da categoria e inibir os malefícios da rotatividade.
40 horas semanais sem redução de salários – para gerar mais oportunidades de empregos no setor e dar mais tempo para o lazer, a qualificação profissional e para a família do trabalhador.
Transporte e alimentação subsidiados – As empresas é que devem custear a alimentação e o deslocamentos dos trabalhadores de casa para o trabalho e vice-versa. Quanto custa para o metalúrgico tudo isso? No salário são descontados transporte, alimentação, plano de saúde, taxas bancárias, etc. Temos que refletir sobre o que deixamos para as empresas. Através das cláusulas sociais podemos diminuir esses descontos, ou seja, ganhar mais. Auxílio-creche para crianças de até 5 anos – Este deve ser um direito da criança, para que pais e mães possam ficar tranquilos com seus filhos bem cuidados enquanto eles trabalham. Igualdade salarial entre homens e mulheres no caso de mesma função – Trabalho igual, salário igual. Auxílio-lanche para estudantes – Um grande número de trabalhadores também são estudantes. As empresas devem conceder um lanche para os estudantes ao fim do expediente. Mensalistas – Os trabalhadores contratados nesse regime trabalham 5 dias por ano de graça para os patrões.A reivindicação é de que todos os trabalhadores mensalistas sejam contratados como horistas. Intervalos de 10 minutos a cada 2 horas trabalhadas conforme a Norma Regulamentadora 15 – Os metalúrgicos reivindicam intervalos de 10 minutos a cada 2 horas de trabalho. Nesse tempo, o trabalhador poderá descansar, fazer um lanche e ir no banheiro.
Aplicação da NR 12 em todas as fábricas – A Norma Regulamentadora 12 (NR12), hoje assegurada pelo Ministério do Trabalho, estabelece as garantias mínimas de proteção ao trabalhador e normas de segurança para operação de elevadores, guindastes, transportadores industriais e máquinas transportadoras. Esta conquista está ameaçada por setores empresariais que consideram o lucro mais importante que a vida do trabalhador.
Foto: Daniela Teixeira