Os resultados das eleições para o Parlamento Europeu, realizadas no domingo (25) sinalizam um perigoso avanço da extrema direita no velho continente.
Ela sai do pleito festejando vitória na França, Grã-Bretanha e Dinamarca e cresce em países como Áustria, Hungria e Grécia. A mensagem que predominou nas urnas é de rejeição ao projeto de integração que vem sendo conduzido pela União Europeia sob a liderança da Alemanha e França.
No conjunto, a bancada dos chamados eurocéticos – que envolve forças políticas de esquerda e extrema direita e é contra a União Europeia e o euro – deve subir dos atuais 33 para cerca de 130 deputados.
O avanço reflete a crescente insatisfação dos povos que habitam a região com os rumos neoliberais da integração e a persistente crise econômica, bem como um renascimento do nacionalismo.
As políticas de austeridade fiscal impostas pelos governos europeus agravou a estagnação econômica, elevou a taxa de desemprego e subtraiu muitas conquistas da classe trabalhadora, arrochando salários e reduzindo e flexibilizando direitos, especialmente em relação às aposentadorias, desmantelando o chamado Estado de Bem Estar Social. O mal estar dos trabalhadores e trabalhadoras é notório e o clima político está azedando.
O maior avanço da extrema direita foi verificado na França, onde a Frente Nacional, liderada por Marine Le Pen, abocanhou 25% dos votos, enquanto o partido de centro-direita ficou com 20,3% e o Partido Socialista do presidente Hollande conseguiu apenas 14% dos votos. A campanha de Le Pen foi centrada na palavra de ordem nacionalista “Não a Bruxelas, sim à França”.
“Essa eleição é um terremoto”, afirmou o primeiro-ministro francês, Manuel Valls. Os resultados refletem o impasse a que o neoliberalismo burguês está conduzindo o velho continente, a ruptura do pacto social traduzido no Estado de Bem Estar Social, o acirramento da luta política e das contradições entre as nações que compõem o bloco europeu.
O avanço da extrema direita – cuja falsa propaganda, fundada na xenofobia, obscurece o caráter capitalista da crise e aponta os imigrantes como a grande causa dos problemas que perturbam a região, preconizando a intolerância e o autoritarismo neonazista como saída – é uma aposta da burguesia financeira e uma deriva preocupante da crise, que lembra Hitler no caminho da Grande Depressão dos anos 30 do século passado.
O dilema europeu parece estar cobrando uma solução radical. O desafio das forças mais consequentes da esquerda europeia, que também obteve modestos avanços no pleito, é apresentar uma outra alternativa, capaz de contemplar os anseios da classe trabalhadora e mobilizar os povos em defesa do bem estar social, do pleno emprego, da democracia e do socialismo.
Umberto Martins – Portal CTB