Homenagem aos que lutaram e aos que lutam pelo Brasil

Quando analisamos sob um ponto de vista classista o golpe militar de 1964 a primeira consideração que devemos fazer é a de que foi um golpe perpetrado pelos grandes capitalistas, os latifundiários, a mídia golpista e os EUA contra a classe trabalhadora e as forças e personalidades democráticas e patrióticas. Não restam dúvidas de que os trabalhadores e trabalhadoras foram suas maiores vítimas, ao passo que inegavelmente a burguesia e o imperialismo foram seus beneficiários.

Foi para contemplar os interesses do patronato nacional e estrangeiro que o regime militar extinguiu a estabilidade no emprego, amordaçou os sindicatos, impôs o arrocho dos salários e revogou a lei que restringia as remessas de lucros ao exterior pelas multinacionais. No mesmo espírito impediu a realização das reformas de base que o presidente Goulart corajosamente pretendia promover.

Enquanto com uma mão, poderosamente armada, a ditadura golpeava impiedosa e covardemente a classe trabalhadora, com a outra servia generosamente o empresariado, especialmente a fração mais privilegiada e rica, bem como o imperialismo. Neste propósito perseguiu, prendeu, torturou e matou milhares de trabalhadores e trabalhadoras, interviu nos sindicatos, aterrorizou as lideranças populares e impôs uma longa e dolorosa noite de obscurantismo. Foram 21 anos de retrocessos políticos e sociais e uma economia altamente endividada e falida nas mãos do FMI.

Apesar do viés fascista do regime, o povo brasileiro não parou de lutar, cabendo à classe trabalhadora um protagonismo evidente nas grandes batalhas contra o regime militar e pela democracia. As greves operárias que sacudiram o ABC paulista no final dos anos 1970 já anunciavam o fim do regime. Os trabalhadores também tiveram papel determinante na memorável campanha das Diretas Já realizadas em 1984, há precisamente 30 anos, que abriram caminho à reconquista da democracia.

Deste modo o povo brasileiro fez história e, com sua luta, recolocou a marcha da nossa sociedade no rumo da liberdade e do progresso. Após a derrota da ditadura, em 1985, tivemos a Constituinte (1986-1988) e, mais tarde, em 2002, a ascensão do líder operário Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República.

O conluio entre generais golpistas, mídia capitalista, elites empresariais, latifundiários e imperialismo é um fato histórico fartamente analisado e documentado. Não é demais lembrar o nefasto papel desempenhado pelo jornal Folha de São Paulo, da família Frias, que chegou ao ponto de emprestar suas peruas para transportar presos políticos ao Dói-Codi paulistano, um centro de torturas e assassinatos.
Vivemos um novo cenário político na América Latina e no Brasil e hoje lutamos por um novo projeto nacional de desenvolvimento fundado na valorização do trabalho, na soberania e na democracia. Mas não devemos nos iludir nem podemos olvidar as lições do passado, pois os mesmos personagens que há 50 anos lideraram o golpe hoje estão se movimentando ruidosamente com propósitos nada democráticos: o Partido da Imprensa Golpista (PIG), o imperialismo estadunidense, ruralistas, banqueiros e grandes capitalistas flertam mais uma vez com a perspectiva de retrocesso.

Num momento em que a CTB, ao lado de outras centrais e organizações democráticas, luta para avançar nas mudanças, levantando a bandeira das reformas democráticas (a reforma política, a reforma agrária, a reforma da mídia, a reforma da educação, a reforma urbana, a reforma do Judiciário), as forças conservadoras e de direita parecem apostar todas suas fichas no retrocesso neoliberal.

Não vamos medir esforços nesta luta de classe para derrotá-los e garantir nas urnas a quarta grande vitória do povo brasileiro em defesa da democracia, da soberania nacional e da valorização do trabalho.

Adilson Araújo é presidente da CTB

 

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.