Os médicos peritos do INSS da Bahia fazem uma paralisação no dia 13 de maio, terça-feira. Uma manifestação está marcada para às 9h, em frente a sede do INSS, no Comércio, em seguida, às 10h, os profissionais, vestidos de preto, entregarão à gerência do Instituto um documento que relata os graves problemas enfrentados cotidianamente nos postos de trabalho.
Os profissionais reivindicam por segurança e contra a violência no trabalho, condições dignas de trabalho, jornada e remuneração justas e que o INSS respeite os trabalhadores brasileiros: médicos e segurados.
No dia 27 de março um grupo de médicas esteve reunido no Sindicato dos Médicos da Bahia (Sindimed), com a diretoria da entidade quando fizeram relatos impressionantes. As queixas, extremamente graves, chegaram também ao conhecimento da Federação Nacional dos Médicos (Fenam), cujo presidente, Geraldo Ferreira, presente na reunião, prontificou-se a levar de imediato os problemas ao conhecimento da Associação Nacional dos Médicos Peritos, em Brasília.
Entre as queixas apresentadas estão casos de agressões físicas dentro dos postos do INSS, com segurados quebrando equipamentos dentro dos consultórios e até ameaças de morte. As profissionais mulheres – que compõem 90% da equipe de médicos peritos -, são as mais atingidas. Algumas médicas sofrem abordagens ameaçadoras até mesmo fora do local de trabalho, quando vão ao supermercado, por exemplo.
Mobilização é urgente
A paralisação marcada para próximo dia 13 já vinha sendo discutida pelos médicos em assembleia realizada dia 8 de abril, como uma saída para que o INSS adote as medidas necessárias para garantir a segurança e as condições mínimas de trabalho aos médicos.
Diante do alto risco a que estão expostas as médicas e do agravamento crescente do problema, o Sindimed elaborou um dossiê com relatos e fotos de ocorrências, que foi entregue aos Ministérios Públicos do Trabalho e Federal, à Superintendência do INSS e à Procuradoria da República. Também ficou definido que, a partir de agora, todas as ocorrências serão registradas na Polícia e que um advogado do Sindimed acompanhará as médicas no ato das queixas.
Outro problema relatado é o descaso com que a Polícia Federal tem tratado as denúncias apresentadas pelas médicas. Além disso, o próprio INSS não dá a devida atenção às ocorrências, contribuindo assim com a impunidade dos agressores e com a multiplicação dos casos de violência. Uma das médicas definiu o sentimento como uma espécie de orfandade institucional.
Condições de trabalho precárias
O descaso do INSS com seus funcionários parece não se limitar à exposição aos riscos nos atendimentos. A infraestrutura também é precária. Em uma unidade pericial que tem 12 consultórios, por exemplo, existe apenas um estetoscópio e as médicas são obrigadas a compartilhar o equipamento ou trazer de casa o seu próprio. Também não dispõem tensiômetro para aferir a pressão dos segurados.
Alegando problemas licitatórios, a administração também não está fornecendo materiais como álcool gel para higienização e papel toalha. Até água para beber, papel higiênico e sabonete, quem quiser tem que trazer de casa, porque estão em falta nas unidades do Instituto.
De acordo com a diretora do Sindimed, Débora Angeli, que está acompanhando de perto a mobilização dos médicos peritos: “A situação dos médicos peritos é de grande interesse não só da categoria médica, mas para toda sociedade. O INSS está desrespeitando todos os trabalhadores médicos quando perpetua e não soluciona as questões de segurança e condições de trabalho, pois tanto médicos como segurados são atingidos!”
Fonte: Sindimed Bahia