Durante os dias 15, 16 e 17 de abril o Sindsaúde realizou a Via Crucis dos profissionais da saúde, em três hospitais privados de Fortaleza e na Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE).
No lugar de Cristo, uma trabalhadora da saúde faz a caminhada, recebendo xingamentos de um centurião com jeito de patrão. A ideia era mostrar que os profissionais enfrentam diariamente uma verdadeira via crucis, sofrendo dobra de plantão, assédio moral, baixos salários, péssimas condições de trabalho e dificuldade até para se alimentar, pois não recebem vale alimentação e o tempo, devido à sobrecarga dos empregados, é escasso.
O último dia de via crucis ocorreu no Hospital Antônio Prudente, do Grupo Hapvida, e não foi à toa: há três meses o grupo anunciou investimentos de R$120 milhões e se nega a conceder ticket alimentação. Já em 2013, quando o Hapvida ficou enrolando a Convenção Coletiva dos funcionários, tinha investido R$ 75 milhões, fechando o ano com 2,7 milhões de usuários de saúde e de odontologia.
“A direção do hospital não se preocupa em melhorar as condições de trabalho, mas só em perseguir os empregados. As recepcionistas nem cadeira decente têm”, lembra a presidente do Sindsaúde, Marta Brandão.
A diretora Madalena Policarpo aproveitou para reforçar a proibição da dobra de plantão, cláusula expressa na Convenção Coletiva 2013, que os patrões agora pressionam pela retirada.
Durante o primeiro dia de via crucis, 15/4, o Sindsaúde esteve na Otoclínica e Hospital São Mateus, e no segundo dia, 16/4, na Superintendência Regional de Trabalho e Emprego (SRTE).
Em nota intitulada “A Via Crucis dos profissionais da saúde acontece todo dia”, o sindicato pede a solidariedade dos clientes e denuncia a sobrecarga a que os trabalhadores/as estão expostos, o que pode acarretar um atendimento de baixa qualidade e riscos à vida dos pacientes.
“Caro e cara cliente, não seja cúmplice desse tratamento terrível dispensado aos funcionários que cuidam da sua saúde! Cobre do seu hospital boas condições de trabalho para os profissionais da saúde. Em última instância, isso garante a sua própria saúde”, diz o texto.
Negociações não avançam
A reunião de negociação entre Sindsaúde e sindicato patronal dos hospitais privados, ocorrida no dia 16/4, na Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE), não trouxe resultados satisfatórios.
De acordo com o sindicato, os patrões querem conceder reajuste de apenas 6,78% sobre os pisos salariais já existentes, não aceitando a criação de mais nenhum piso salarial, e reajuste de 6,5% para quem não tem piso salarial. Além desta proposta que não corresponder aos anseios da categoria, os patrões afirmaram que só concederão os reajustes se a categoria aceitar retirar a cláusula da Convenção Coletiva 2013 que proíbe a dobra de plantão. Sobre ticket alimentação, estão irredutíveis: não querem conceder.
“Nova reunião ficou marcada para o dia 14 de maio. Temos até lá para mostrar nossa força, intensificando as manifestações, com forte participação da categoria. Só assim conseguiremos um resultado melhor”, destaca a dirigente.