Desde o dia 30 de março instalou-se na cidade de Le Bois en Ré, na França, o 39º Congresso da Federação Nacional das Indústrias Químicas daquele país (FNIC, por sua sigla em Francês), a entidade é filiada a Central Geral do Trabalho (CGT).
O evento contou com a presença de 278 delegadas e delegados do país e uma delegação internacional composta por 47 dirigentes sindicais, representando 22 países.
O congresso apreciou a conjuntura internacional, a difícil situação econômica e social europeia e suas repercussões na França. A partir desse quadro inseriu a realidade do ramo químico e suas demandas reivindicatórias.
Diante desse difícil contexto a plenária aprovou a participação da FNIC na mobilização nacional que ocorrerá dia 12 de abril no país. Será um protesto contra os programas de ajuste fiscal – agenda troika – e seus remédios que agridem os direitos trabalhistas e sociais do povo.
O congresso também elegeu a nova direção nacional da federação composta por 75 dirigentes. Carlos Moreira foi reconduzido por unanimidade à condição de secretário-geral.
A FNIC, fundada em 26 de fevereiro de 1907, é a maior e mais influente entidade do ramo no país. Está composta pelos químicos – majoritários – petroleiros, plásticos, papeleiros, borracheiros, farmácia, dentre outros.
Pela importância de sua representatividade numa atividade econômica tão estratégica, uma questão político-organizativa deliberada no evento terá grandes repercussões no velho continente.
O congresso aprovou a filiação da FNIC à estrutura orgânica da Federação Sindical Mundial (FSM), delegando ao novo secretariado encaminhar a forma e o período. Uma decisão que produziu o reencontro com a história dessas duas entidades. O secretário adjunto da FSM, o indiano Dev Roye, que acompanhou todo o congresso comentou: “estava ansioso por esse Congresso e por essa decisão”.
O secretário geral da CGT, Thierry Lepaon, fez seu discurso na plenária final do congresso, conclamando a luta em defesa dos direitos trabalhistas e sociais do povo francês.
Durante o encontro foi feita uma emocionante homenagem à numerosa delegação internacional. Nessa oportunidade três representantes internacionais se pronunciaram ao plenário: Dev Roye, Mohammed Jadallaha e Divanilton Pereira que representaram, respectivamente, a Federação Sindical Mundial, a Palestina e a América Latina e o Caribe. (Leia aqui a íntegra do discurso)
Encontro Internacional
Antecedendo a abertura do congresso – que acontece a cada três anos – já no domingo, realizou-se o encontro internacional, oportunidade em que as delegadas e os delegados compartilharam suas realidades e suas opiniões políticas. Representando a CTB, Divanilton Pereira fez sua exposição (Leia aqui a íntegra da intervenção)
Coube ao secretário-geral da FNIC, Carlos Moreira, fazer a abertura. Após as boas-vindas ele narrou a dramática situação da classe trabalhadora europeia e em particular a francesa.
O secretário-geral da FSM, George Mavrikos, enalteceu a história da federação química da CGT e conclamou a todos à lutarem pela verdadeira emancipação política da classe trabalhadora derrotando o capitalismo.
Os dirigentes sindicais petroleiros que também integram o ramo químico estavam em maior número na delegação internacional.
Eleições municipais na França
Comprovando as opiniões – inclusive a da CTB – de que mesmo com a crise capitalista, a condução política continua em mãos erradas, no dia 30 de abril ocorreram as eleições municipais no país, na qual o presidente François Hollande do Partido Socialista foi o grande derrotado, este resultado foi devido a uma abstenção histórica (38%) e o crescimento da ultradireitacom o partido Frente Nacional governará 14 cidades . O Partido Socialista manteve Anne Hidalgo, em Paris, ela é a primeira mulher a governar a capital.
Há um clima de revolta e a população reagiu ás atitudes de Hollande que, segundo os franceses foi eleito por defender bandeiras da esquerda, mas governa com a agenda da direita. Uma alternativa perigosa, assim diagnosticam grande parte da esquerda francesa.
Contra essa ofensiva direitista, o plenário aprovou uma resolução política em que a FNIC e seus sindicatos filiados devem orientar as trabalhadoras e trabalhadores a comparecerem às urnas e apoiarem os candidatos progressistas nas importantes eleições para o parlamento europeu. Estas ocorrerão em maio do corrente ano.
Encerrando o congresso, a plenária de pé, como já fizeras na abertura, cantou entusiasticamente a internacional.
De Le Bois en Ré, França
Divanilton Pereira e Jenny Dauvergne, secretário de Relações Internacionais e Assessora da CTB