Cerca de 100 lideranças sindicais compareceram na noite da quinta-feira (20), para o debate “a mulher e seu papel na luta contra a discriminação racial” organizado em conjunto pela Secretaria da Mulher Trabalhadora e pela Secretaria de Promoção da Igualdade Racial da CTB-RJ. O evento foi realizado no auditório do Sindicato dos Bancários e marcou também o lançamento da terceira edição da revista Mulher D’Classe, uma publicação nacional da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil.
O debate teve início com uma saudação do vice-presidente nacional da CTB, Nivaldo Santana que parabenizou a CTB-RJ e as secretarias envolvidas pela realização da atividade e afirmou que “a CTB luta por um projeto nacional de desenvolvimento que valorize a democracia, a soberania nacional e a integração latino-americana”.
Nivaldo também exaltou o papel da CTB na luta contra todas as formas de opressão ressaltando que “nossa visão de democracia nos faz combater todos os dias todas as formas de preconceito e discriminação”. Também presente à atividade, o Presidente Estadual da CTB-RJ saudou as lideranças sindicais presentes e elogiou o papel desempenhado pela entidade na construção do ato unificado do dia 18, valorizando a unidade das centrais que, na visão de Leite é “fruto de intenso trabalho e busca de diálogo por parte da militância da CTB”. Representando o Partido Socialista Brasileiro (PSB), a Secretária de Mulheres do partido Regina Flores saudou as lideranças e cobrou dos partidos políticos o investimento na formação das mulheres denunciando que “muitos partidos usam os 5% que por lei deveriam ser destinados à formação das mulheres para fazer panfletos e outras atividades.”
A dirigente da União Brasileira de Mulheres (UBM), Célia Regina saudou o público lembrando que “precisamos aumentar a participação política das mulheres nos espaços de poder e para alcançarmos isso duas reformas são essenciais: a política e a da mídia”. Conceição d’Lissá, representando a União de Negros pela Igualdade (Unegro) lembrou que as mulheres negras são as maiores vítimas da violência e lembrou da trabalhadora Cláudia Silva Ferreira arrancando aplausos das lideranças presentes ao afirmar enfaticamente “nós somos mulheres, negras, todas Cláudias. Somos todas Cláudias.” A Secretária Nacional de Promoção da Igualdade Racial, Mônica Custódio, politizou o debate afirmando que “a luta contra o racismo e contra o sexismo tem reflexo na luta de classes e é uma questão que envolve a emancipação humana.”
Logo após as saudações constituiu-se a mesa de debate coordenada pela secretária da Mulher Trabalhadora da CTB-RJ, Kátia Branco, e pelo Secretário de Promoção da Igualdade Racial da CTB-RJ, Betão, foi composta pela Secretária da Mulher Trabalhadora da CTB Nacional, Ivânia Pereira; pela Secretária de Política para as Mulheres da Prefeitura do Rio de Janeiro, Ana Rocha; pela Deputada Estadual Enfermeira Rejana (PCdoB-RJ) e pela representante da Criola, Lúcia Xavier.
Ivânia fez críticas a modelo que impõe uma jornada dupla às mulheres e lembrou do papel importante das tarefas domésticas na estruturação da sociedade, cobrando direitos ao afirmar que “queremos que o Estado Brasileiro reconheça as tarefas domésticas como essenciais e que portanto sejam remuneradas”.
Lúcia Xavier debateu a questão da violência urbana em sua intervenção e afirmou que “vivemos em um quadro muito complicado onde as mulheres negras são as principais vítimas da violência”. A deputada estadual Enfermeira Rejane tratou o tema sob o prisma da reforma política defendendo que “é necessário uma reforma política que garanta o financiamento público de campanha e que contemple as candidaturas femininas, que garanta tempo de TV para as candidatas e que assegure que as listas partidárias sejam alternadas entre os gêneros”. A Secretária Ana Rocha criticou o sistema eleitoral brasileiro afirmando que o mesmo é “machista e um dos piores do mundo em participação e representação política da mulher.”
Ao final do debate houve um coquetel para comemorar o lançamento da nova edição da revista Mulher D’Classe, uma publicação da Secretaria da Mulher Trabalhadora da CTB Nacional.
Por José Roberto Medeiros, CTB-RJ