Os médicos são vítimas de um processo contínuo e gradual de desvalorização do seu trabalho e de sua imagem na sociedade. No último ano, os médicos foram colocados como bode expiatório da saúde pública através da manipulação da opinião pública. Este foi apenas mais um, entre diversos instrumentos, usados para desqualificar a categoria.
Uma das principais formas de desvalorizar o médico é a contratação através de vínculos precários (PJ/Cooperativas), os quais não garantem os direitos trabalhistas. É o canto da sereia que propala uma vantagem financeira imediata e esconde a necessidade de se reservar mensalmente pelo menos 27% dos rendimentos para garantir um mês de folga, aposentadoria e reserva de fim de ano.
Além da supressão dos direitos trabalhistas, os médicos com vínculos precários sofrem com atrasos constantes, quando não calotes. O valor pago por plantão, para a maioria das especialidades, está congelado desde 2010.
Há de se perguntar por que os governantes defendem tanto esta forma de contratação em detrimento do concurso público. Muitos deles, incluindo o ex-secretário de saúde Jorge Solla, vezeiros na arte de assacar ofensas e acusações contra a categoria médica.
Não basta protestar nos corredores dos hospitais e nas redes sociais. Faz-se necessário partir para a luta concreta. É neste contexto que o Sindimed convoca os médicos contratados através de PJ e/ou Cooperativas para se mobilizarem em prol de seus direitos trabalhistas e de uma remuneração melhor.
Deve-se tomar como exemplo a atitude dos cirurgiões e ortopedistas do Hospital Clériston Andrade, em Feira de Santana, que decidiram suspender as suas atividades a partir de primeiro de abril, considerando estes contratos ilegais e nulos do ponto de vista jurídico e, ao mesmo tempo, exigindo o Piso Fenam (10.991 reais para 20h), contratação imediata através de CLT até realização de Concurso Público e melhorias nas condições de trabalho.