A eleição para presidente do Brasil tinha terminado e, enquanto aguardava a posse, o companheiro Lula teve contatos com militantes sociais de várias áreas que o procuraram para dar os cumprimentos pela expressiva vitória.
Em uma atitude merecedora de uma reflexão nos tempos de hoje, fez questão de dizer a todos que estava prestes a assumir o governo, mas que precisava de apoio efetivo para enfrentar as dificuldades do poder e que os movimentos sociais precisavam criar mecanismos de organização que permitissem os encaminhamentos de questões numa área muito complexa e difícil, principalmente levando em consideração a composição do Congresso Nacional, onde a maioria era conservadora e que por certo criaria dificuldades em assuntos que poderiam atingir seus interesses.
O tempo passou e, no terceiro mandato, um cargo maior ainda ocupado por representante da esquerda tem muitas reivindicações ainda pendentes.E mais, com reclamações que podem ser consideradas como pontuais, já que pode ser constatada uma certa dispersão na mobilização ou na ação conjunta das várias tendências políticas.
É preciso levar em conta também que no embasamento de cada tendência há debates e discussões, mas nem sempre são formalizadas propostas objetivas de organização, o que por certo não é a forma mais adequada para atingir objetivos que exigem a pressão contra o poder constituído.
Esta é uma questão que começa nos municípios, passa pelos estados e chega ao plano federal.O movimento social tem sua ação embasada na busca de formação de uma sociedade igualitária, com distribuição de renda e o reconhecimento de direitos sociais, fatos que sempre marcaram a história em várias partes do mundo.
Em nosso país, um dos poucos do mundo desenvolvido, onde a esquerda ocupa o poder maior, há algumas divergências de entendimento que dificultam os encaminhamentos conjuntos.
O poder, por sua vez, é questionado por outros segmentos, que em muitas situações coloca em prática métodos que de certa forma dificultam a governabilidade. E as razões são claras, está embasada na pretensão de dividir o comando e obter ganhos no campo econômico.
Agora estamos começando mais um período eleitoral e passamos, novamente, por momentos que exigem muita reflexão nos comportamentos a serem adotados pelos militantes do campo social.
O principal é a elaboração de projetos com reivindicações específicas, mas com um plano conjunto de ação, de maneira que os escolhidos pelo voto para ocuparem cadeiras no Parlamento e no Executivo sejam compromissados com as deliberações populares e tenham o respaldo necessário para a sua implementação.
Isto significa uma resposta às preocupações de quem merecer a escolha para o cargo maior, tanto no plano estadual como federal. É também um recado aos que forem eleitos para os legislativos. Por certo é uma decisão muito importante a elaboração de plano de trabalho que não fique limitado a manifestações das lideranças, mas também nas bases para respaldar o trabalho, que não ficará limitado apenas à reivindicação, mas a sustentação das decisões que forem tomadas na área social.
Uriel Villas Boas é membro do Departamento de Previdência Social da Fitmetal, integrante do MAP.LP e dirigente da Associação dos Siderúrgicos e Metalúrgicos do Litoral Paulista