O cubano Fernando González Llort, 50 anos, terminou nesta quinta-feira (27) de cumprir sua sentença de 15 anos, cinco meses e 15 dias na prisão federal de Safford, no Arizona, nos Estados Unidos. Junto de outros quatro cubanos, ele foi capturado pelo FBI em 12 de setembro de 1998 e condenado sob a acusação de atuar como agente de espionagem não autorizado naquele país em 2001.
O grupo – composto por Gerardo Hernández, Ramón Labañino, Antonio Guerrero e René González, além de Fernando – estava infiltrado em organizações anticastristas da Flórida desde o início da década de 1990. O objetivo era obter informações sobre futuros atos terroristas que seriam realizados em Cuba de modo a evitar que eles acontecessem. Desde o inicio da Revolução cubana, grupos extremistas de oposição radicados nos EUA perpetraram uma série de atentados para desestabilizar o governo na ilha. A malsucedida invasão da Baía dos Porcos, em 1961, a derrubada de um avião cubano que matou 73 civis em 1976 e a explosão de bombas em hotéis e em casas noturnas de Havana são apenas alguns exemplos. Nesee contexto, de 1959 a 1997, foram feitas 5.780 ações terroristas contra Cuba. De acordo com a imprensa cubana, os dados obtidos pelos agentes possibilitou a neutralização de pelo menos 170 atentados.
O julgamento dos cinco começou em 2000, depois de 17 meses de confinamento solitário, e teve duração de sete meses. Foram apresentadas 26 acusações, entre elas a de participação na derrubada de um avião, que rendeu ao principal acusado, Gerardo, duas prisões perpétuas e mais 15 anos. Ramón ficou com uma perpétua e mais 18 anos; Antonio, com uma perpétua e mais 10; e René, com 15 anos. Inicialmente, Fernando fora condenado a 19 anos. Sua pena foi reduzida para 17 anos e 9 meses em uma revisão feita em 2009. Na ocasião, os demais também foram resentenciados com penas menores: Guerrero a 22 anos e Labañino a 30 anos.
Com pressão da imprensa local e da comunidade cubano-americana da Flórida pela condenação do grupo, esse julgamento foi alvo de críticas não apenas do governo cubano, mas também da Anistia Internacional e do Grupo de Trabalho das Nações Unidas sobre Detensões Arbitrárias (GTDA/ONU).
Mesmo cumprindo sua pena, Fernando não será liberado, conforme explicou seu advogado Richard Klugh. Por não ser cidadão norte-americano, ficará detido temporariamente em uma penitenciária para imigrantes até ser deportado para Cuba.
Visitas de amigos foram proibidas. Durante esses anos, pôde receber sua mãe, Magali Llort, suas irmãs e sua esposa, Rosa Aurora Freijanes. Embora a legislação norte-americana garanta visitas mensais aos presos, os familiares de Fernando só puderam visitá-lo uma vez por ano.
René saiu da prisão em outubro de 2011. Por ter cidadania norte-americana – nasceu em Chicago e se mudou para Havana quando criança –, só conseguiu voltar para Cuba em 2013, pois precisou ficar em regime de liberdade supervisionada.
Fonte: Página1/2, Tradução: Daniella Cambaúva na Carta Maior