Terminou no último sábado (15), a reunião ordinária anual do Conselho Presidencial da Federação Sindical Mundial (FSM), que ocorreu em Roma, na Itália.
Na ocasião, além de debater a conjuntura política internacional, foi realizado o balanço do período anterior e aprovou-se o plano de ação para 2014-2015. Dentre as resoluções aprovou-se que o Brasil sediará, no próximo ano, o simpósio internacional em comemoração pelo 70º aniversário da FSM.
Durante a reunião, que começou na sexta-feira (14), compareceram 32 delegados dos 43 membros da entidade, além de convidados e amigos. Houve 41 exposições, dentre elas a do vice-presidente da FSM e dirigente da CTB, João Batista Lemos.
O secretário-geral da FSM, George Mavrikos, apresentou para os participantes sua visão sobre o quadro político e econômico mundial, destacando que a reunião do conselho ocorre dentro de um período crucial, no qual a classe trabalhadora é a mais afetada pelos efeitos da crise capitalista em curso.
Em sintonia com as conclusões do 16º congresso da FSM realizado em 2011, resgatou que, em todos os continentes, os monopólios se aproveitam da crise e aceleram medidas – algumas já elaboradas antes dela – e promovem desemprego em massa, sobretudo, entre os jovens e agridem violentamente os direitos sociais e laborais.
Ele afirmou ainda que a FSM tem a responsabilidade política de alertar os trabalhadores e trabalhadoras sobre a natureza dessa crise, pois ela não advém de uma falha da gestão do sistema, é intrínseca ao capitalismo. Suas ocorrências se dão em períodos cada vez mais curtos, “nem mesmo se conclui uma e se abre outra ainda maior”, frisou o dirigente.
Mavrikos ressaltou ainda que, nessa fase, o capitalismo torna-se mais perigoso, promovendo conflitos bélicos e degradando até mesmo as condições básicas da civilidade.
Balanço da FSM
Analisando as atividades da FSM em 2013, apresentou que a entidade continua em ascensão como em anos anteriores, estando em sintonia com as demandas dos trabalhadores e de suas famílias.
Ele resgatou que este plano de ação aplicou-se de forma coerente por meio de dezenas de iniciativas e lutas.
Segundo ele, a região que exige maior protagonismo político da FSM é a Europa. Nessa direção, propôs uma ação mais ativa e organizada, uma “reconstrução do movimento sindical militante na Europa”, assinalou Mavrikos.
Ele expressou também que a África precisa de respaldo político, econômico e ideológico e sugeriu o apoio da CTB para essa região.
No aspecto organizacional reforçou os papéis dos sub e dos escritórios regionais como meios de implantar os planos de ação da FSM e apresentou o quadro de cada um deles nos continentes.
Em relação às UIS (União Internacional dos Sindicatos) o sindicalista grego informou que “passos positivos foram dados, no entanto, ainda estão em descompasso com a ascensão da FSM”.
Mavrikos conclamou todos para reforçar as UIS existentes e impulsionarem a constituição de outras como instrumentos indispensáveis para se relacionarem com o mundo, a partir dos locais de trabalho. Na oportunidade, destacou o papel da UIS Metal pelo papel estratégico que essa atividade industrial tem.
Plano de ação
Já em relação à proposta do plano de ação para o novo período (2014-2015), considerou que mesmo sob difíceis circunstâncias políticas e econômicas, devemos ser ousados. Nessa perspectiva submeteu aos presentes sua proposta para o biênio.
Dentre vários pontos expostos estão a realização do Simpósio Internacional pelos 70 anos da FSM no Brasil; Disputar espaços institucionais, com destaque para a OIT (Organização Internacional do Trabalho) e a FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura); a realização do Congresso Mundial da Mulher Trabalhadora na Ásia; Levar o lema “desemprego” no Dia Internacional de lutas da FSM (3 de outubro); além de aperfeiçoar a comunicação da entidade e desenvolver atividades para a formação.
Em nome da FSM, Mavrikos solicitou o empenho de todos para dotarem a FSM de condições estruturais que viabilize sua ascendente protagonismo político. Após a exposição, debates e opiniões dos presentes, foi aprovado por unanimidade o balanço, o plano de ação e a filiação de 56 entidades à FSM.
A CTB e a FSM
A realização no Brasil do simpósio internacional pelos 70 anos da FSM expressa o novo protagonismo político da CTB na sua relação internacional e com a entidade internacional afiliada.
Além da UIS-Metal, a CTB está chamada a elevar sua contribuição em outras regiões além da América Latina e Caribe e, nessa direção, pode a partir de agora, a integrar-se às agendas internacionais da FSM e as reuniões do seu secretariado.
Para João Batista Lemos, a reunião do Conselho Presidencial inaugura uma nova fase da CTB em sua intervenção política na FSM e, por conseguinte, no mundo.
O presidente nacional da CTB, Adilson Araújo, destacou que “desde a recepção da FSM em Atenas, até os encontros com sindicatos de vários países, constata-se o nosso novo protagonismo político”, ele reafirmou que defenderá que a CTB dote todos os meios possíveis para fazer valer o novo prestígio político conquistado pela CTB no plano internacional”.
Já Divanilton Pereira assim concluiu o novo posto da CTB na arena sindical internacional: “mãos à obra”.
Nesse período a delegação da CTB realizou audiências bilaterais com as seguintes centrais sindicais: ACFTU (China), CTC (Cuba), USB (Itália), COSATU ( África do Sul), CGTP-IN (Portugal), Pame (Grécia) e a LAB (País Vasco). Com esta última definiu-se uma parceria com a central brasileira para potencializar a UIS-Metal.
De Roma, Itália
Divanilton Pereira, secretário de Relações Internacionais da CTB
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