El Salvador terá de esperar 9 de março para saber quem será o novo presidente do país, quando acontece o segundo turno das eleições. De acordo com os resultados divulgados pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) nas primeiras horas desta segunda-feira (3), o candidato da esquerdista FMLN (Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional), Salvador Sánchez Cerén, não obteve a maioria simples.
Com 99.16% dos votos processados, Sánchez Cerén tinha 48.92% do total, enquanto Norman Quijano, da direitista Arena (Aliança Republicana Nacionalista ), 38.95%.
“Vocês escreveram uma nova página da história da democracia em El Salvador”, afirmou Sánchez Cerén ao comentar os resultados preliminares. “Pela primeira vez, um povo decidiu participar com tranquilidade, alegria. Nos sentimos felizes (…) porque nos deram o triunfo no primeiro turno. Porque no segundo turno serão mais de 10 pontos de diferença”.
Os outros candidatos que disputavam a presidência, Antonio Saca, da coalizão União, René Rodrigues, do Partido Salvadorenho Progressista (PSP); e Oscar Lemus, da Fraternidade Patriota Salvadorenha (FSP), tinham 11.44%, 0.42%, 0.26% dos votos, respectivamente. Sánchez Cerén só perdia para Quijano em um dos departamentos salvadorenho, Cabañas, bastião da direita desde a época da guerra civil.
Nas declarações à imprensa, Sánchez Cerén acenou positivamente para uma possível aliança com a coalizão União no segundo turno, após reforçar que irá fortalecer os laços com as “forças sociais e políticas” de El Salvador. O candidato acenou para a formação de um governo de unidade caso seja eleito.
Professor, sindicalista, comandante guerrilheiro das forças da FMLN, Sánchez Cerén foi um dos artífices dos Acordos de Paz que puseram fim a dez anos de guerra civil em El Salvador. Já Quijano, prefeito da capital salvadorenha, San Salvador, é um político experiente da Arena, partido que, quando esteve no poder (1989-2009), aplicou um modelo neoliberal no país, que privilegiou os interesses de mercado e das grandes empresas nacionais e transnacionais.
Quase cinco milhões (4.955.107) de eleitores foram convocados a participar neste domingo (2) do processo eleitoral em El Salvador. Embora tenha ocorrido atraso na abertura de alguns locais de votação, a eleição aconteceu sem “registro de problemas ou incidentes maiores” segundo o TSE e foi elogiada por observadores internacionais.
O próximo presidente irá substituir Mauricio Funes, primeiro governante eleito pela FMLN após a guerrilha formar um partido. De 1980 e 1992, a guerra civil salvadorenha resultou na morte ou desaparecimento de 75 mil pessoas. Em 1992, com a assinatura dos acordos, a FMLN abandonou as armas e se transformou em partido político.
A campanha da esquerda apostou na continuidade do governo Funes, voltado para o desenvolvimento de programas sociais e no combate à violência, um dos principais problemas em El Salvador. Por outro lado, a oposição, liderada por Quijano, amparou sua campanha nas temáticas da insegurança, violência e militarização da sociedade.
Opera Mundi