Às 18h55 da noite (19h55 de Brasília), quando o Servel (Serviço Eleitoral chileno) anunciou a parcial com 59% dos votos apurados, o Chile conheceu o nome da mulher que governará o país a partir do próximo mês de março e durante os próximos quatro anos. Ela é a socialista Michelle Bachelet, que também foi a primeira mulher a governar o país (entre 2006 e 2010) e agora volta à presidência.
Com 99,85% dos votos apurados, Bachelet tinha 62,15% do total neste segundo turno, superando a representante governista Evelyn Matthei, que foi ministra do Trabalho do atual governo de Sebastián Piñera.
Poucos minutos depois do resultado ser definido, o comando de campanha de Evelyn Matthei divulgou uma nota oficial em que a candidata reconhecia a derrota. “A cidadania manifestou sua escolha e decidiu pela candidatura da nossa adversária. Da nossa parte, nos resta felicitar a vencedora, desejar o melhor para ela durante a gestão e garantir àqueles que votaram pela nossa proposta, especialmente a classe média esforçada deste país, que, apesar do revés de hoje, estaremos lutando, durante os próximos quatro anos, pelas ideias que eles querem ver defendidas”.
Bachelet é a primeira figura política chilena a vencer duas eleições presidenciais e, com os novos quatro anos de mandato que terá pela frente, se tornará a presidenta com mais tempo no cargo desde o retorno da democracia (em 1990). A vitória de Bachelet é marcada também por uma alta taxa de abstenção, que tem sido regra nas eleições chilenas desde a instalação do sistema de voto facultativo. No domingo (15), a evasão eleitoral registrada foi de 60%.
Outra façanha de Bachelet foi alcançar o maior percentual da história das eleições chilenas, superando os 57,98% conseguidos por Eduardo Frei Ruiz-Tagle em 1994.
Discurso da vitória
Depois de receber a visita da candidata derrotada no comando instalado no Hotel San Francisco, Michelle Bachelet subiu ao cenário instalado na frente do edifício, por volta das 21h40 (20h40 hora local), para saludar um público de cerca de 15 mil pessoas.
A socialista destacou que “o Chile, desde o retorno da democracia, avançou muito, mas agora precisa reconhecer que existem novos desafios. Nesta eleição, os eleitores perceberam que este é o momento histórico para fazer as grandes mudanças”. “Temos condições políticas de fazer as mudanças necessárias”, afirmou.
Bachelet também fez um gesto ao movimento estudantil, dizendo que “a vitória também é dos jovens que marcharam desde 2011, mostrando aos políticos que a educação é um direito e não um bem de consumo”.
E sobre a reforma constitucional, que também forma parte do seu projeto de governo, garantiu que “vamos trabalhar por uma nova constituição, que garanta mais direitos sociais, mais justa com todas as expressões da cidadania, desde os que tem mais aos que tem menos recursos econômicos”.
Para terminar, falou que “peço a todos os chilenos agora também se comprometam, porque queremos fazer grandes mudanças neste país. Como presidente, é minha responsabilidade liderar este processo, mas para isso também precisarei do apoio de todos os setores políticos e todas as cidadãs e todos os cidadãos chilenos”.
De Santiago, Chile
Victor Farinelli