“O legado da Copa para a sociedade” foi o tema da palestra da Secretária de Turismo do Rio Grande do Sul, Abgail Pereira, realizada na última terça-feira (3), no auditório da Federação dos Empregados no Comércio de Bens e de Serviços do Estado do RS (Fecosul). Prestigiada pela presença de dirigentes e sindicalistas, Abgail, que foi Secretária de Mulheres na primeira diretoria nacional da CTB, inicialmente fez questão de relembrar as suas raízes.
“Construí minha militância no movimento sindical. Portanto, aqui é um ambiente tranquilo para mim porque é exatamente onde me constituí através do trabalho e liderança. O lugar que ocupo hoje, como Secretaria de Estado, é um espaço conquistado pelo trabalho do movimento sindical ao expor as suas lideranças”, iniciou.
“Quando a gente ascende e começa a dirigir um sindicato, nos projetamos como liderança de um setor e faz com que nossas condições de elaboração se estendam para além da luta econômica do dia a dia, que é importante, justa e temos que fazer. Mas que ela possa projetar lideranças e para estar em espaços maior de poder e de decisão. O movimento sindical tem esse componente”.
Secretária do Turismo desde o início do governo de Tarso Genro, em janeiro de 2011, Abgail relatou o desafio de reestruturar um setor esvaziado durante as últimas administrações. “Quando assumi, encontrei uma Secretaria desacreditada, sem recursos humanos nem financeiros suficientes, sem força política, nem nada, tanto que se fosse fechada não iria fazer falta. Tive que reinventar uma Secretaria onde o Esporte foi desmembrado em função da Copa. E o Rio Grande do Sul se vendia todo para o mundo todo. Esse marketing não existe, é preciso identificar qual o produto que temos e para quem ele é destinado”, criticou.
Políticas públicas
Forjada nos anos de embates como dirigente sindical, Abgail arregaçou as mangas e foi à luta. “Em 2011, realizamos uma Conferência de Turismo, demos um giro no Estado quando reunimos 11 regionais e fizemos cinco Conferências Temáticas. Nelas, debatemos e sistematizamos todas as opiniões e se constituiu o Plano Diretor de Turismo do Rio Grande do Sul. Então criamos dois importantes instrumentos: o Plano de Desenvolvimento e o Plano de Marketing. Hoje o Rio Grande do Sul tem uma política pública para o Turismo”, relatou.
“Depois de ter feito esse plano, voltamos novamente, agora não mais em 11 regiões, mas em 26, com o que denominamos “RS Mais Turismo”. Na vez anterior, fomos ouvir as regiões. Agora, levamos as nossas sugestões para incrementar o turismo porque mais turismo significa mais pessoas vivendo melhor”.
O resultado desse planejamento colocado em prática pode ser constatado nos dados expostos pela Secretária de Turismo. “De 2011 até 2013, o turismo no Brasil cresceu 4,8%. No Rio Grande do Sul, nesse mesmo período, crescemos 12%, muito além da média nacional. E o Estado ocupa hoje o segundo lugar no ranking nacional em captação de eventos internacionais, atrás apenas de São Paulo. E antes nem fazíamos parte do mapa turístico do Brasil, que terminava nas praias de Santa Catarina”, disse Abgail.
A prova do êxito de sua gestão pode ser constatada nos resultados. “Atualmente, o turismo contribui com 3,3% do PIB gaúcho, gerando R$ 8,4 bilhões. E o turismo do Rio Grande do Sul contribui com 6,6% do PIB nacional e gera 5,7% da força de trabalho no setor”.
“O Rio Grande do Sul recebe hoje muitos investimentos públicos e privados. Desta forma nós estamos gerando empregos, contribuindo para a distribuição de renda. Hoje tenho o orgulho de afirmar que nós estamos liderando esse processo. No movimento sindical aprendemos a fazer política com amplitude. Nós aprovamos na Assembleia Legislativa o Conselho Estadual de Turismo, onde estão os trabalhadores, empresários, a academia e o poder público em um único colegiado para desenvolver o setor turístico do Estado”, exalta a Secretária de Turismo.
Infraestrutura
Infraestrutura necessária, qualificação das pessoas e a promoção dos nossos produtos são componentes de inclusão e de elevada autoestima das pessoas, segundo Abgail. “A Copa do Mundo vai acelerar a infraestrutura. E o espaço ao turista tem que ser muito bom porque quando ele escolhe algum lugar, começa a investigar se há segurança, espaço de lazer para os filhos, se é bem servido de equipamentos públicos e de saúde. Se o lugar é bom para o turista, é bom para quem vive nele. Esse é o grande debate: quanto mais nos prepararmos para receber os turistas, melhor para nós que vivemos nesse espaço onde a infraestrutura foi qualificada e onde há pessoas qualificadas”.
A Secretária do Turismo se orgulha do êxito de sua gestão, que comprova através de exemplos. “Nós conjugamos alguns verbos no turismo que são extremamente importantes. Como o turista decide seu destino? Primeira coisa: infraestrutura e serviços essenciais como os acessos (aeroporto, estradas, as pontes, as praças, a sinalização). Não é só a infraestrutura que o Estado faz, mas aquela que se mobiliza a iniciativa privada a fazer. Por exemplo: a rede de telefonia. Políticas públicas de direito e cidadania. A qualificação que estamos fazendo para essa Copa não é pouca coisa. Estamos realizando 52 cursos gratuitos em 16 cidades, com destaque para inglês, espanhol e francês. Ou seja, aceleramos a infraestrutura e qualificamos as pessoas”.
Trabalhar com todas as cadeias produtivas que incentivam o turismo com o objetivo de agregar valor, no sentido de fazer com que o turismo seja algo inclusivo em relação às pessoas, ensina Abgail. Ela informa que estão sendo construídos centros de atenção ao turista em 40 cidades. O símbolo de sua gestão é uma cuia estilizada, além do selo de qualidade denominado “Parada Trilegal”, que será afixado nos locais recomendados para os turistas.
“Temos uma marca, uma política, temos recursos de investimentos e a certeza de que passada a Copa do Mundo ficará um legado de inclusão, com a geração de empregos, de infraestrutura e de políticas de oportunidades permanentes”, concluiu Abgail Pereira.
Trabalhador no poder
No final da palestra da Secretária de Turismo do Rio Grande do Sul, o presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB-RS), Guiomar Vidor, fez questão de ressaltar a importância dos trabalhadores ocuparem espaços do poder público.
“Desde que Lula assumiu a presidência do Brasil, os trabalhadores estão cada vez mais demonstrando a sua competência, ao contrário do que diz a grande mídia, que prefere os empresários como governantes. É mais um passo importante para demonstrar a capacidade dos trabalhadores em conduzir os espaços de poder e fazer com que esses espaços atendam cada vez mais os trabalhadores e a sociedade. Esse é um legado muito importante”, afirmou Guiomar.
“Se não fosse a realização da Copa do Mundo, essa qualificação dos trabalhadores aconteceria em uma marcha bem mais lenta do que está ocorrendo. Todas as reformas de infraestrutura iriam demorar no mínimo uns 10 ou 20 anos a mais para acontecer se não fosse a Copa. Por isso, é importante que o governo do Estado divulgue o que está sendo feito para a grande massa. Essa geração de oportunidades tem que ser muito bem divulgada” finalizou o presidente da CTB-RS.
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