Uma celebração com a cara da Bahia. Assim foi a quinta edição da Lavagem da Estátua de Zumbi dos Palmares, homenagem que o movimento negro baiano faz todos os anos, em 20 de novembro, a este grande herói brasileiro. O evento começou com um pouco de atraso, mas ainda assim reuniu dezenas de pessoas na Praça da Sé, no Centro Histórico, onde está localizada a estátua.
Já passava das 16h, quando o cortejo das baianas invadiu a praça com um canto diferente, que acrescentava o protesto ao som ritimado da percussão. “Queremos trabalhar, queremos trabalhar”, cantavamm elas, enquanto se dirigiam à estátua de zumbi, onde fizeram um breve pronunciamento, defendo o direito de trabalhar na orla de Salvador, de onde estão sendo retiradas por determinação da Justiça Federal.
“Querem tirar as baianas da areia da praia, mas nós não vamos aceitar mais esta ameaça aos nossos direitos. Vamos continuar protestando até que a Juatiça reveja esta decisão absurda, que vai prejudicar diretamente 520 baianas do acarajé. Não podemos aceitar a forma com estamos sendo tratadas, a baiana é a tradição da Bahia”, reclamou Rita Santos, representante da ABAM – Associação das Baianas de Acarajé e Mingau da Bahia.
Após o protesto, as baianas cumpriram a tradição e lavaram com água de cheiro os pés da estátua de Zumbi e as áreas adjacentes, fazendo a alegria de baianos e turistas, que não se cansavam de fotografar este tradicional ritual baiano de purificar os espaços através da lavagem com água de cheiro. “Esta lavagem tem uma simbologia muito grande. É uma forma de homenagear o nosso grande herói brasileiro que foi Zumbi dos Palmares. Nosso objetivo é ampliar ainda mais a participação da população, o que seria mais fácil se a data fosse feriado em Salvador. Assim muito mais gente poderia participar da atividade”, defendeu Jerônimo Silva Jr., coordenador nacional da Unegro, principal organizadora do evento.
Como integrante do grupo de entidades que criou o evento em 2009, a CTB também defende a ampliação das homenagens a Zumbi. “Este é um ato que busca acima de tudo o reconhecimento da importância do povo negro. É um ato que não é apenas uma homenagem, mas também uma grande oportunidade de defendermos mais educação, saúde, cultura e igualdade social. Temos que reconhecer a luta de Zumbi, mas ao mesmo tempo, lembrarmos que tudo que conquistamos até o momento foi só o começo. Temos que nos espelhar na luta de Zumbi para buscarmos muito mais. Isto tem tudo a ver com a CTB, com a nossa história e as bandeiras que defendemos”, ressaltou o secretário de Combate ao Racismo da CTB Bahia, Silvio Pinheiro.
O evento prosseguiu com um ato político, onde lideranças sociais e políticas renderam suas homenagens ao povo de Salvador. Depois, como também já é tradição na Bahia, a festa foi encerrada com muita música.
Eliane Costa – CTB-BA
Fotos: Fernando Udo