É preciso que a classe trabalhadora reflita sobre alguns aspectos do nosso país. Somos trabalhadores e como tais contribuímos para o crescimento da nação, com a venda de nossa força de trabalho que, em tese, deveria ter uma base de valor agregado que nos permitisse ter acesso a lazer, cultura, educação, saúde e uma melhor qualidade de vida. Segundo dados do Dieese (Departamento de , o salário mínimo, que poderia dar aos trabalhadores e trabalhadoras de nosso país estas condições, deveria ser de R$ 2.685,47.
A ministra do Planejamento, Orçamento e Gestão, Miriam Belchior, anunciou que o Projeto de Lei Orçamentária, elaborado pelo Governo Federal, prevê o salário mínimo de R$ 722,90, a partir de 1º de janeiro de 2014. O interessante é que nos últimos 10 anos ocorreram avanços significativos na valorização do salário mínimo com os governos Lula e Dilma, em comparação com os governos neoliberais que os antecederam, que “sonhavam em equiparar o salário mínimo a 100,00 dólares”. Hoje o mesmo salário mínimo, que ainda está longe do necessário, vale aproximadamente 322,00 dólares.
Se fosse necessário uma palavra para definir a relação Capital X trabalho em nossa nação, essa seria “desigualdade”. Segundo dados dos indicadores sociais divulgados pelo IBGE em 2002 a distância entre os extremos é gigantesca. Na desigualdade por gênero, as mulheres ganham menos que os homens em todos os estados brasileiros e em todos os níveis de escolaridade.
Quando olhamos para a questão racial o quadro fica ainda pior. Pretos e pardos recebem metade do rendimento de brancos em todos os estados e nem o aumento da escolaridade tem sido suficiente para superar esta desigualdade. Os dados mostraram, ainda, que a desigualdade por cor era mais forte que por gênero, pois homens pretos e pardos ganhavam, em 2001, 30% a menos que as mulheres brancas. Do total de pessoas que faziam parte do 1% mais rico da população, 88% eram de cor branca, enquanto que entre os 10% mais pobres, quase 70% se declararam de cor preta ou parda. Mais de 10 anos depois, apesar de melhorias, a situação ainda persiste.
Segundo dados do censo realizado pelo IBGE em 2010, 82,5% da população brasileira ganha entre zero e três salários mínimos, isto é, somos a maioria da população de nossa nação! Somos 82,5% de metalúrgicos, comerciários, bancários, domésticas….Enfim, trabalhadores e trabalhadoras que constroem a cada dia, com o suor de seus rostos, a nossa grande Nação.
Precisamos torná-la mais justa, precisamos de um novo Projeto Nacional de Desenvolvimento que valorize o trabalho e os trabalhadores, pois somente nós temos a força que se faz necessária para mudar os rumos, promover justiça social, fazer com que o estado brasileiro pague a dívida social que tem com os trabalhadores, que se acumula dos tempos de Cabral e suas caravelas até os dias de hoje. A classe operária precisa se unir e eleger representantes oriundos do seio da classe trabalhadora, precisamos construir uma revolução democrática, onde o poder emane dos trabalhadores para os trabalhadores, pois somos o povo de nossa nação.
Alex Santos é presidente do Sindimetal-Rio