Diante do crescente número de ataques a bancos na Bahia, uma Audiência Pública na Assembleia Legislativa, convocada pelo deputado estadual Álvaro Gomes (PCdoB), debateu a segurança bancária, na quinta-feira (29).
Participaram do evento representantes dos sindicatos dos bancários do estado, dos bancos (BNB e Bradesco), da Secretaria de Segurança Pública e das polícias Militar e Civil, além de parlamentares.
Na abertura da audiência, o deputado Álvaro Gomes declarou que o objetivo era buscar soluções conjuntas para diminuir os índices de ataques a bancos, reconhecendo que se trata de um tema complexo que envolve vários fatores. Destacou que as instituições financeiras não investem como deveriam na segurança bancária, apesar dos seus lucros estratosféricos, e relacionou alguns projetos de lei de sua autoria, com sugestões dos bancários e vigilantes, que tratam do problema e estão em tramitação na Assembleia.
Pesquisa
Ao iniciar os debates, Euclides Fagundes, presidente do Sindicato da Bahia, mencionou os números da pesquisa nacional elaborada pela Confederação Nacional dos Vigilantes (CNTV) e Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf), com apoio técnico do Dieese, a partir de notícias da imprensa, estatísticas de Secretarias de Segurança Pública (SSP) e informações de sindicatos e federações de vigilantes e bancários.
Em todo país, no primeiro semestre de 2013, foram 1484 ocorrências, sendo que na Bahia, de janeiro a agosto, foram 124 ataques a bancos, 29 em Salvador e 95 no interior do estado. A Bahia seria o quarto estado no Brasil em número de ataques, exigindo que o governo estadual tome medidas para solucionar o problema.
Euclides denunciou as consequências dos assaltos e sequestros para os bancários, que sofrem de traumas psicológicos para toda a vida. Mas que mesmo assim, existem casos nos bancos privados, que os trabalhadores ainda são demitidos após as ocorrências. Salientou que boa parte dos bancários afastados por doenças no primeiro semestre deste ano foram vítimas da insegurança no local de trabalho. Além disso, destacou também que no interior os bancos não cumprem a lei de transportes de valores, colocando em risco a vida dos bancários.
Mortes
Emanoel Souza, presidente da Federação da Bahia e Sergipe, também a partir do levantamento do Dieese, lembrou que 30 bancários morreram no primeiro semestre em decorrência de assaltos a bancos. Números que amedrontam e dar uma sensação de impotência: “Os números estão aqui e estão crescendo a cada ano. Esta é a situação que nós temos e faz-se necessário dar uma resposta concreta”, desabafou.
Souza afirmou que a modalidade de assalto a bancos cresceu mais na Bahia do que em outros estados. Colocou a Federação e os seus sindicatos filiados à disposição para ações de parceria e de diálogo com o governo do estado. “Queremos ser parceiros, atuar juntos e construir soluções”, conclamou.
Lei municipal – Everaldo Augusto, vereador de Salvador, também presente ao encontro, avaliou que o problema dos ataques a bancos merece uma análise profunda e uma resposta eficiente do estado, pois mesmo com o crescimento econômico e maior inserção no mercado de trabalho, cresce o índice de violência. Mas lembra que os ataques a bancos são um crime diferente, realizados por grupos organizados. Informou que na Câmara Municipal de Salvador tem apresentado projetos de lei para amenizar a questão, pois para ele a ação do Legislativo atenua, mas não resolve o problema.
Ação policial
Para expor as ações de combate aos ataques a bancos do governo estadual, estiveram presentes na audiência pública na Assembleia, Rusdenil Franco, delegado de polícia do Grupo Avançado de Repressão a Crimes Contra Instituições Financeiras; Ten. Cel. PM José Roberto dos Santos, representante do Comando da Polícia Militar; Nildo Santos, diretor adjunto do Departamento da Policia do Interior; e Emilia Blanco, chefe de gabinete da Secretaria de Segurança Pública.
Dentre as ações mencionadas estão a implantação de seis Garcifs (Grupo Avançado de Repressão a Crimes Contra Instituições Financeiras) em todo o estado; a prisão de 13 quadrilhas no primeiro semestre de 2013; priorização do combate da extorsão mediante sequestro e do ataque de bando nas cidades; trabalho de inteligência e prevenção; e aumento da apreensão de explosivos e investigação de sua origem. Todos criticaram as falhas do sistema de segurança das agências bancárias, como câmeras de baixa qualidade e falta de porta giratória, e as dificuldades de comunicação com os bancos.
Estiveram presentes na Audiência pública os presidentes dos sindicatos dos bancários da Bahia, Euclides Fagundes; de Feira de Santana, Sandra Freitas; de Itabuna, Jorge Barbosa; de Irecê, Carlos Alberto; de Juazeiro, Maribaldes Silva; de Jequié, Marcel Cardim; de Jacobina, Cristener Albuquerque; e de Ilhéus, Rodrigo Cardoso.
Fonte: Feeb-BA/SE