A defesa da igualdade entre homens e mulheres foi uma das principais bandeiras defendidas pelas mulheres sindicalistas que participaram 3º Congresso Nacional da CTB, realizado entre os dias 22 e 24 de agosto, em São Paulo.
Mulheres se reúnem durante o Congresso para avaliar avanços
As cinco regiões do país foram representadas pelas trabalhadoras domésticas, do campo, do serviço público, da educação, transporte, saneamento, correios, do ramo financeiro, comerciárias, metalúrgicas, entre outras, que lotaram o plenário do palácio de Convenções do Anhembi durante os três dias de debates defendendo ampliação da participação feminina dentro de entidades sindicais.
Para a nova secretária da mulher da CTB, Ivania Pereira, membro da direção da estadual Sergipe e secretária de Comunicação do Sindicato dos Bancários de Sergipe (SEEB), esse será o grande desafio de sua gestão: abrir espaço com muita luta para as mulheres dentro do movimento sindical.
“O Congresso apontou para uma perspectiva de valorização do trabalho, que passa pela discussão das questões de gênero e raça, que inclui o debate sobre a inclusão maior das mulheres nos sindicatos”, afirmou Ivania.
De acordo com a dirigente sergipana, estudos demonstram que nos últimos anos aumentou o número de mulheres sindicalizadas, que passou para 40%. A partir dessa informação segundo Ivania, é impossível aceitar essa desigualdade dentro dos sindicatos e federações.
“O desafio vai ser incluí-las nas direções das entidades sindicais. Existe hoje uma expectativa entre delegadas que participam deste Congresso, de participar efetivamente das direções dos sindicatos. Vai ser uma luta árdua, mas primordial para o fortalecimento do movimento sindical, como da CTB”, afirmou ao lembrar que diversos Sindicatos de Trabalhadores Rurais (STTR) já adotaram essa postura.
“No Campo, diversos STTRs são governados por mulheres. Precisamos expandir essa política para os urbanos. É inconcebível que os sindicatos tenham apenas 15% de mulheres na direção”, indignou-se a sindicalista ao completar: As trabalhadoras já perceberam que não haverá emancipação da classe trabalhadora, enquanto não houver também a emancipação da mulher, que passa pela introdução nos debates da questão da igualdade de gênero na economia, nas questões sociais e políticas”, ressaltou a dirigente sergipana.
A ex e atual secretária da Mulher reforçam importância da participação feminina
Defesa feita pela ex-secretária da Mulher Trabalhadora da CTB, Raimunda Gomes (Doquinha) ao avaliar sua gestão. “Eu assumi a secretaria com a perspectiva de estimular as mulheres a saírem da invisibilidade, para que pudessem participar espaços públicos”.
Doquinha avalia que nesses 3 anos, a secretaria estimulou a participação de mulheres no debate, interferindo em temas gerais e não apenas defesa de questões de gênero.
“As mulheres estão nas comissões para discutir não só o trabalho doméstico, mas também um salário descente. As trabalhadoras rurais que se envolvem debates acerca das questões agrárias não estão lá apenas para discutir a pauta das mulheres. Portanto, esse é o nosso estimulo e um dos maiores desafios: continuar fomentando essa participação no processo de construção da Central e de empoderamento dentro do movimento sindical”, analisa ao completar: “Porque quando você estimula ela busca o aprendizado, por isso estamos conseguindo colocar mais mulheres nos cursos de formação, garantindo sua participação nas mesas de negociação. Uma questão fundamental , porque não se aprova uma cláusula de gênero nas negociações coletivas se não tiver mulher”, revelou Doquinha.
Nesse sentido, de acordo com a dirigente, a CTB deu um salto, ao colocar mulheres nas mesas de negociação. “Presenciamos o avanço da pauta, por isso saio da secretaria com o sentimento de dever cumprido”, finalizou a secretária da Mulher trabalhadora, que agora passa assumir a secretária de Imprensa e Comunicação.
O Congresso, que se encerrou neste sábado (22), e contou com a participação de 1.258 delegados e delegadas credenciados, alcançando 32, 91% de mulheres.
“Esse resultado é reflexo da nossa política em defesa da igualdade de direitos. A CTB desde sua fundação sempre priorizou e reforçou a importância da parceria entre homens e mulheres nesta caminhada. Porque não é possível falarmos em desenvolvimento sem exterminamos o problema histórico da desigualdade presente na sociedade, no mercado de trabalho e, sobretudo, no movimento sindical”, finalizou Raimunda Gomes.
Cinthia Ribas – Portal CTB