Uma palestra magna com o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães deu início, na manhã desta quarta-feira (21), em São Paulo, ao Seminário Internacional “Panorama da Conjuntura Internacional”, organizado pelo Centro de Estudos Sindicais e do Trabalho (CES).
Pouco antes da palestra, Gilda Almeida, coordenadora do CES, deu as boas-vindas aos mais de 300 participantes do Seminário, vindo de 26 países e de todas as regiões do Brasil. “Certamente sairemos desta atividade fortalecidos para enfrentar o atual momento político que estamos vivendo”.
Por sua vez, Wagner Gomes, presidente da CTB, agradeceu a presença da delegação internacional e destacou sua importância para o evento. João Batista Lemos, secretário adjunto de Relações Internacionais da CTB, completou a saudação, dizendo que “o objetivo do Seminário é trocar experiências com os sindicalistas de todo o mundo aqui presentes”.
Dois representantes internacionais fizeram uma saudação inicial. Juan Castillo, coordenador do Encontro Sindical Nossa América (ESNA) e vice-presidente da Frente Ampla, do Uruguai, elogiou a iniciativa do CES e destacou o papel da CTB para o sindicalismo da América Latina. “O movimento sindical da região atingiu outro patamar nos últimos anos por conta da CTB. Já o dirigente da Federação Sindical Mundial (FSM) Valentín Pancho afirmou que o Seminário trará grandes avanços para o debate da atual conjuntura internacional. “Temos orgulho de ter a CTB como filiada à FSM”.
Palestra
Samuel Pinheiro Guimarães organizou sua palestra a partir da idéia de que o mundo enfrenta três grandes crises atualmente: uma econômica, uma ambiental e outra política. “São crises que estão relacionadas”, afirmou o embaixador.
Para ele, a econômica se baseia em uma crise estrutural do capitalismo, aprofundada pela difusão das políticas neoliberais das últimas décadas. “Vemos que a crise atual foi menor onde o neoliberalismo foi menos aplicado e os Estados puderam se defender”, explicou.
Já a crise ambiental, de acordo com Guimarães, está diretamente ligada à econômica por conta da matriz energética que é utilizada pelas grandes potências mundiais, baseada em recursos naturais. “Trata-se de algo muito complexo e que envolve a necessidade de redução do aquecimento global”, discorreu o embaixador, lembrando-se do papel da China nesse processo e das dificuldades vistas em torno de discussões como o Protocolo de Kyoto.
A crise política, dentro desse cenário, se dá por conta da disputa existente entre os Estados Unidos e a China. “Essa disputa cresce na proporção do crescimento da economia chinesa”, disse o embaixador, lembrando-se de uma informação relevante: até o momento há poucas grandes empresas chinesas atuando no mercado, mas tal quadro está mudando.
Outro elemento dessa crise política se dá pela troca do comunismo pelo terrorismo como “inimigo a ser combatido” em escala global. “Essa foi a estratégia utilizada para manter o completo industrial dos EUA”, afirmou Guimarães. “A indústria bélica movimento cerca de US$ 700 bilhões por ano”, completou.
Unidade da classe trabalhadora
Para o embaixador, a atual crise mostrou que a classe trabalhadora de todo o mundo precisa, mais do que nunca, se unir para combater as políticas de austeridade que estão sendo colocadas em prática, assim como as tentativas generalizadas de se reduzir os direitos trabalhistas.
“Diante desse cenário, o momento tem de ser de unidade da classe trabalhadora e dos movimentos sociais, assim como dos Estados nacionais, para que as investidas conservadoras sejam devidamente enfrentadas”, defendeu o embaixador.
Fernando Damasceno – Portal CTB
Fotos: Maurício Morais